DF notifica jardineiro por transformar ‘depósito’ de lixo em horta medicinal

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Documento dá prazo de 72 horas para retirada de plantas, sob pena de multa. Local, que antes abrigava ratos e criadouro de dengue, tem manjericão e hortelã.

O jardineiro de Brasília Luciano da Silva Torres, de 27 anos, levou um susto na última sexta-feira: ele foi notificado pelo governo e ameaçado de multa por ter transformado um “depósito” de lixo a céu aberto em horta comunitária. O jovem é morador do Guará I e conta que a área em frente à casa dele vivia suja. Tudo era descartado no local, que acabava servindo de criadouro para o mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, zvírus da ika, chikungunya e febre amarela – e atraía ratos. Há um ano ele decidiu transformar o espaço e plantou manjericão, mastruz e hortelã.

No documento recebido por Torres, a Administração Regional do Guará afirmava que, por não ter comunicado que faria as benfeitorias, ele deveria retirar as plantas em até 72 horas. De acordo com a entidade, a ação é vista com bons olhos, mas, antes de qualquer intervenção, é necessária a autorização das autoridades locais. Vizinhos se reuniram e conseguiram 57 assinaturas a favor da manutenção da horta.

“Isso é para a comunidade”, declarou o jardineiro. “É nossa saúde, é para quem está gripado, para quem quer temperar um almoço com manjericão fresco.” Ele recebeu o apoio da síndica Eva Rodrigues de Jesus. “Eu pedi para ele fazer um jardim igual a esse no meu prédio.”

O administrador regional do Guará, André Brandão, conta que não sabe quem emitiu a notificação. “Recebi o documento, é um documento em branco, não tem a assinatura de nenhum servidor da administração. Ainda assim, faremos a investigação.”

“É importante que a gente incentive hortas comunitárias, hortas urbanas, horas medicinais. A gente não vê nenhum problema nisso”, completou Brandão.

As queixas em relação ao jardim teriam vindo de moradores de um prédio, alegando que o espaço é público. A garagem do edifício, porém, também invade área de uso comum, onde pedestres deveriam passar.

Autor: Da redação com G1 DF/Foto: Divulgação