A Universidade Estadual de Roraima aprovou no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) um projeto de pesquisa e um curso de especialização em Educação do Campo e Suas Metodologias de Ensino. Serão aplicados R$ 1.341.656 na concessão de bolsas para os docentes, alunos extensionistas e pessoal de apoio técnico. O público-alvo é formado por professores que morem em áreas de assentamento em Roraima.
Os recursos fazem parte do Programa de Ciência e Tecnologia para o Agronegócio do CNPq e as ações começarão em abril. Conforme o reitor Hamilton Gondim, a iniciativa de levar cursos e implantar pesquisas nas regiões de assentamento faz parte da política de desenvolvimento do Governo de Roraima. “O Governo do Estado, por intermédio da UERR, já está presente nas terras indígenas da região Norte, interiorizando o ensino superior em quatro comunidades. Agora vamos entrar nas vicinais, onde há uma população ansiosa por este tipo de ação”, afirma.
O curso de especialização terá duração de 24 meses, com início em abril de 2013 e término em março de 2015. Todas as aulas acontecerão em São Luiz do Anauá. O edital de seleção será lançado neste mês, com foco na escolha de integrantes do movimento social do campo ou educadores em áreas de assentamento que atuam em escolas do campo.
O projeto de pesquisa aprovado no CNPq tem como título ‘Educação do campo e suas metodologias: histórico, forma, condições e o seu desenvolvimento nos assentamentos de Roraima’. Um dos objetivos, segundo o professor doutor Evandro Ghedin, coordenador geral dos trabalhos, é diagnosticar os problemas, os processos pedagógicos, as condições de trabalho e os métodos da educação aplicada nestas áreas. Além disso, pretende-se desenvolver metodologias de ensino que atendam às demandas específicas dos professores das escolas do campo.
Os 50 professores previstos para cursar a especialização serão responsáveis pela coleta de dados nos municípios de Caroebe, São João da Baliza, São Luiz do Anauá, Rorainópolis, Caracaraí, Iracema, Boa Vista, Alto Alegre, Cantá, Bonfim e Mucajaí.
“Podemos ver o impacto desta pesquisa para a ciência em Roraima com base nestes números: os 50 cursistas serão divididos em três grupos, cada um abarcando uma região do Estado e produzindo, no final, 50 projetos de pesquisa e outros 50 de extensão. Na equação geométrica resultante da replicação dos conteúdos esperamos atingir outros 900 docentes que atuam nos assentamentos”, afirma Evandro Ghedin.
MOTIVAÇÃO – Tanto o projeto de pesquisa quanto o curso de especialização foram propostos pela equipe da Universidade Estadual de Roraima para buscar superar o desafio dos problemas educacionais detectados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos, Produção e Renda, feita em 2010.
Conforme o trabalho, a região Norte tem 390.752 famílias assentadas, com 14,7% de seus integrantes não alfabetizados e apenas 1% cursando ou tendo concluído o ensino superior. Além disso, 44, 89% possuem escolaridade da primeira até a quarta série e apenas 27,41% completaram o ensino fundamental.
Além desta formação, a UERR ofertará, com financiamento do Incra, mais dois cursos de especialização: Educação do Campo, com ênfase em Agricultura Familiar e Sustentabilidade, e Agroecologia e Sustentabilidade na Produção Agrícola e Pecuária no Sul do Estado de Roraima. O primeiro terá uma turma de 40 estudantes e o segundo duas turmas de 40 alunos. Somados com a especialização em Educação do Campo e Suas Metodologias de Ensino, a UERR e o Governo Estadual beneficiarão 170 profissionais que atuam nas regiões de assentamento.
Assessoria de Comunicação da Universidade Estadual de Roraima/foto ilustrada