Três assassinatos de homossexuais com requintes de crueldade em Roraima

1606

“Mesmo com todos os programas lançados pelo governo federal, o Brasil é o país com o maior número de homicídios contra lésbicas, gays, bissexuais e travestis”,

Para o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, a falta de educação sexual no País e a impunidade são os principais combustíveis para o avanço dos crimes contra homossexuais. “A homofobia precisa ser severamente punida pela polícia e pela Justiça”, acredita. “A certeza da impunidade e o estereótipo do gay como fraco, indefeso, estimulam a ação dos assassinos.” De acordo com o levantamento, em apenas 89 casos, dos 338, o autor do homicídio foi identificado – e apenas 24 deles foram presos.

A intolerância

As agressões vão de olhares de repreensão e escárnio, chegando aos ataques físicos e culminando com as agressões que levam à morte, principalmente de homossexuais e travestis, apenas por sua orientação sexual. Apenas por não serem heterossexuais.

Exemplos:

1º caso – Homem é assassinado a pancadas e corpo é desovado no igarapé Caranã

O corpo do técnico de enfermagem Antônio Santos, 33, foi encontrado na manhã de sábado (27/04) jogado em meio a folhas em um barranco às margens do igarapé Caranã, o mesmo que divide os bairros União e Cidade Universitária, zona oeste de Boa Vista, a pouco mais de 300 metros da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito Urbano e Rural (Ciptur) da Polícia Militar (PM).

Causa morte

O corpo não apresentava nenhuma perfuração de arma branca ou de fogo, porém, a cabeça da vítima estava bastante inchada e com hematomas, o que no laudo médico foi constatado traumatismo crânio-encefálico (TCE), lesões provocadas provavelmente por pancadas.

Envolvimento amoroso

Em conversa com familiares da vítima, a explicação para o crime parece bem óbvia, morte provocada por algum homem envolvido amorosamente com ele, uma vez que Antônio era homossexual assumido.

2º caso– Foi encontrado no, domingo (28/04) por volta das 10h o corpo do senhor Paulo Matos, morto a golpes de facas. A vítima era uma pessoa bastante conhecido em Amajari. Trabalhou como Secretário de Saúde, na CERR e recentemente trabalhava como Diretor no CIRETRAN. O corpo foi levado para Boa Vista pelo irmão. Segundo informações de populares, a vítima era homossexual.

3º caso – Assassinato com golpe de faca o cabeleireiro Francisco Alencar. Três adolescentes são suspeitos de participar do crime. Os suspeitos foram vistos bebendo na casa de Alencar, na última sexta-feira. Há informações de que os adolescentes fugiram da cidade em uma lancha.

Um dos adolescentes de 16 anos mantinha relação homo afetivo com o cabeleireiro, conforme informação de popular de Caracaraí.

Populares ao procurar pelo cabeleireiro no salão, que funciona na residência dele, algumas pessoas sentiram um forte odor do corpo e acionaram a Polícia. O cabeleireiro levou pelo menos duas facadas. O corpo da vítima foi encontrado (30/04).

Recomendações do GGB como evitar a violência anti-homossexual

1. Evite levar desconhecidos ou garotos de programa para casa. Prefira fazer programas em hotéis, motéis ou saunas; 2. Investigue a vida da pessoa com quem pretende sair. Prefira pessoas conhecidas ou indicadas por amigos e só saia com alguém se tiver certeza que é de confiança; 3. Nunca beba líquidos oferecidos pelo parceiro desconhecido. A bebida (ou chiclete) pode conter soníferos, o perigoso “Boa Noite, Cinderela”. Em um bar ou boate, preste atenção em seu copo e se precisar ir ao banheiro ou se ausentar, leve o copo consigo, ou, invente uma desculpa e peça outra bebida; 4. Se levar alguém para casa, não o esconda do porteiro, ou de vizinhos. Eles podem ajudá-lo na hora do perigo. É sempre bom ter uma boa relação com esse pessoal. Na hora do perigo, eles podem ser solidários; 5. Se for possível, demonstre para seu parceiro eventual que é gay assumido. Isso evita chantagem ou tentativa de extorsão; 6. Não se sinta inferior. Não se mostre indefeso, evite demonstrar passividade, medo, submissão. Não cultive o tipo machão, ou pelo menos não mostre que o valoriza tanto; se ele lhe ameaçar, grite, faça escândalo, ou em último caso, saia correndo e peça socorro aos vizinhos; 7. Evite fazer programa com mais de um michê. Antes da transa, acerte todos os detalhes: preço, duração, preferências eróticas (se ele aceita, por exemplo, ser passivo): isto evita brigas e discussões; 8. Não humilhe o parceiro. Não exiba jóias, riqueza ou símbolos de superioridade que despertem cobiça. O garoto de programa quase sempre é de classe inferior à sua; 9. Se o encontro for na sua casa, tranque a porta e esconda a chave. Não deixe armas, facas e objetos perigosos à vista; não se esqueça que você é dono da casa e deve dominar a situação; diga ao visitante que não faça ruídos pois ao lado mora um policial; 10. Se for agredido, procure a polícia, peça exame de corpo delito e denuncie o caso aos grupos de ativistas homossexuais. Lembre-se que as Delegacias de

Polícia são públicas. Se foi mal tratado pelo oficial, chame o Delegado Titular, se ele não estiver chame o plantonista. Se mesmo assim, for mal atendido, entre com uma ação contra a delegacia. Não tenha medo: é legal ser homossexual! Cuidado e não seja a próxima vítima!

Por Rogério Ribeiro/foto ilustrada