Servidores federais em greve realizam manifestação em Belém

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Ato faz parte da programação nacional de mobilizações de servidores.
Reajuste salarial de 27,3% é uma das principais reivindicações da categoria.

Servidores públicos de órgãos federais em greve organizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (30) no bairro de São Brás, em Belém. O ato faz parte da programação nacional de mobilizações da categoria, cuja pauta de reivindicações tem como principal objetivo a reposição de perdas salariais.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão propôs em julho um reajuste de 21,3% aos servidores federais, a ser pago em quatro anos a partir de 2016. O reajuste é inferior aos 27,3% pedido pelo Unacon Sindical, em nome do Fórum de Servidores que reúne 32 categorias e abrange 90% dos servidores federais.

O percentual é relativo à variação do IPCA (inflação oficial do país) acumulado de julho de 2010 a agosto de 2016, acrescidos de 2% de ganho real e descontados os 15,8% concedidos em 2012 no último reajuste concedido à categoria, parcelado entre os anos de 2013 e 2015. Mais de 1,6 milhão de servidores foram contemplados com o reajuste.

“Nós temos trabalhadores de vários órgãos que, não aceitando a política do Governo, resolveram participar de mobilizações, greves, paralisações. Hoje é um dia de ato unificado dessas mobilizações para pressionar o Governo para negociar nossa pauta”, diz Gérson Lima, do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Pará (Sintsep-Pa) e servidor da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), relembrando que a paralisação chega a dois meses em alguns órgãos federais do estado.

Desde fevereiro a proposta de 27,3% de reajuste para os servidores, e no final do mês de junho, o Governo Federal apresentou uma contraproposta oferecendo um reajuste de 21,3% parcelados em quatro anos, proposta que foi rejeitada pelos servidores.

A diretora do Sintsep-Pa, Neide Solimões, ressalta que a mobilização nacional também pede melhores condições de trabalho para os servidores. “A situação é idêntica, tanto na Universidade Federal, quanto na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), quanto na Sesai. Faltam investimentos, faltam condições de trabalho e o salário está defasado”, diz a servidora que atua na Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), órgão em greve desde segunda-feira (27).

Segundo Neide, o último reajuste da categoria ocorreu em 2012, um reajuste parcelado em três de cerca de 5% ao ano, um valor inferior à inflação no período. “Nós temos desde 2010 para cá uma perda salarial de 27,3%. Nós não estamos pedindo ainda a inflação atual, queremos repor as perdas salariais, descontando os 15% de 2012. O Governo quer nos dar 5,5% em 2016 e nós não podemos aceitar isso”, detalha a servidora.

A manifestação contou com grande presença de servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que entrou em greve no último dia 10 de julho no estado. Segundo Ronaldo Coelho, presidente da Associação de Servidores no Incra no Pará, os servidores do órgão buscam uma reestruturação na carreira.

“Hoje, o servidor do Incra de nível superior ganha muito aquém do que o nível médio de outras carreiras correlatas. Não estamos conseguindo manter os novos servidores concursados, que seguem para outras carreiras ou para a iniciativa privada” explica Ronaldo.

Autor: G1 PA/Foto: Alexandre Yuri – G1