Quadrilha de Cachoeira perde mais de R$ 100 milhões em bens adquiridos com o crime

589

No nome do bicheiro havia apenas um terreno em condomínio de luxo, no valor de R$ 1,5 milhão

Ainda não é possível calcular com precisão o valor dos prejuízos causados pela organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mas, de acordo com o MPF-GO (Ministério Público Federal em Goiás), a quadrilha já vai pagar uma parcela dessa dívida com a sociedade que ultrapassa a cifra de R$ 100 milhões.

Em esclarecimento à sentença proferida em dezembro de 2012, a Justiça Federal decretou, em março deste ano, a perda dos bens dos condenados e de terceiros, além de fixar multa de R$ 156 mil, em favor da União.

Os bens estavam em nome dos sentenciados, de “laranjas” e de empresas. No nome de Carlinhos Cachoeira, havia apenas um terreno em condomínio de luxo em Goiânia, com 904 m², no valor de R$ 1,5 milhão.

Em nome de “laranjas” e de empresas, está uma lista de bens que ultrapassa a casa dos R$ 100 milhões: apartamentos de luxo (no Rio de Janeiro, nos bairros nobres de Goiânia) fazendas e até uma aeronave (no valor de R$ 750 mil), além de carros importados.

Multa

Além da perda de bens adquiridos com proveito do crime, outro ponto questionado pelo MPF-GO foi quanto à reparação do dano causado. Para os procuradores da República, a sentença da Justiça Federal em Goiás deveria contemplar a condenação de Carlinhos Cachoeira e Gleyb Ferreira com a reparação proporcional ao dano causado na operação Apate.

Os custos da investida policial foram estimados em R$ 156.985,50 (valor semelhante da multa aplicada agora com a sentença integrativa), calculados com base no reforço policial e no aumento de custos com diárias de servidores.

Condenações

Os crimes cometidos pelos sete condenados na primeira denúncia foram formação de quadrilha armada, corrupção ativa, peculato e violação de sigilo perpetrados por servidores públicos federais, estaduais e municipais.

As maiores penas aplicadas foram contra Carlinhos Cachoeira (39 anos e 8 meses), Lenine Araújo (24 anos e 4 meses), José Olímpio Queiroga (23 anos e 4 meses) e Idalberto Araújo, o Dadá (19 anos e 3 meses). Os sete condenados fazem parte da lista de 80 pessoas denunciadas pelo MPF-GO no começo do ano passado.

Esses sete também estão entre os 16 processados na segunda denúncia, também resultado da operação Monte Carlo. Na segunda acusação, eles responderão pelo crime de depósito e exploração comercial de caça-níqueis compostos por equipamentos eletrônicos sabidamente.

Veja os bens perdidos por cada membro da quadrilha:

—Idalberto Matias: dois carros, um apartamento em Brasília no valor de R$ 600 mil
—Lenine Araújo de Souza: dois carros e três terrenos em Valparaíso (GO), dois imóveis em Caldas Novas, estimados no valor de R$ 300 mil
—Raimundo Washington Souza Queiroga: uma fazenda de 10 mil m², em Luziânia (GO), no valor de R$ 1 milhão.
—José Olímpio de Queiroga: cinco apartamentos: dois em Águas Claras (DF), no valor de R$ 800 mil, dois também em Águas Claras (DF), estimados em R$ 1,5 milhão e um em Taguatinga (DF), duas fazendas: uma em Mimoso Goiás e outra em Valparaíso de Goiás, no valor de R$ 450 mil, prédio comercial no valor de R$ 8 milhões e um posto de lavagem e lubrificação
—Carlos Augusto Ramos Cachoeira: um terreno em condomínio de luxo em Goiânia no valor de R$ 1,5 milhão.
—Bens em nomes de terceiros e empresas “laranjas”: vários apartamentos, lotes, casas, fazendas, empresas, carros, aeronave (valores devem ultrapassar os R$ 100 milhões).

Do r7/foto divulgação