Suspeito de manter filhos em cárcere privado nega crime e diz que os tratava com ‘muito amor’

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Empresário afirmou que mantinha crianças e mulher em casa para protegê-las de ‘emboscadas’ de familiares.

O empresário Massaharu Nogueira Adachi, detido nesta sexta-feira (25) após denúncia de manter seis filhos e a mulher em cárcere privado, negou o crime e diz que trata a família com “muito amor”. Questionado sobre se os filhos sofriam por não irem a escola ou não terem contato com outras crianças, ele diz que os irmãos “faziam amizade uma com a outra”.

“Talvez não sofressem porque era muitas crianças e faziam amizade uma com as outras. E depois eles tinham os pais. Eram tratados com muito amor, com muita educação, com muito estudo. Eu ensinava muito para eles e a alimentação era muito boa. A gente ensinava que a propaganda era mentira na escola”, afirmou, em entrevista à TV Verdes Mares.

Ele foi liberado na tarde desta sexta-feira, após prestar depoimento no 34º Distrito Policial – sobre suspeita de porte ilegal de arma de fogo – e na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa). A delegacia especializada investiga se houve maus-tratos e cárcere privado

A denúncia de cárcere privado foi feita pela Defensoria Pública, com base em evidências de que o pai não matriculava as crianças em escola, privava os filhos de contato com outras crianças e não procurava assistência médica para a família. Com base na denúncia do órgão, a Polícia Civil investiga o caso para constatar se houve ou não o crime de cárcere privado.

Massaharu Nogueira Adachi foi detido na manhã desta sexta-feira (25) após denúncia anônima de que ele privava de liberdade os seis filhos – de 4 a 19 anos de idade – e a mulher. Na casa dele, a polícia encontrou dois revólveres com munição com registros vencidos. Por conta do porte ilegal de arma, ele prestou depoimento na manhã desta sexta no 4º Distrito Policial.

Ele também prestou depoimento na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa). A delegacia especializada investiga se houve maus-tratos com as crianças.

Conforme o suspeito, ele mantinha a família em casa para mantê-las protegidas, pois sofre ameaças de familiares. “Porque se minha esposa morrer, o meu irmão e a esposa sobem no trono da empresa mediante o sacrifício. Então eu queria cair fora de todo jeito”, diz.

Sobre a denúncia de não matricular as crianças na escola, ele acredita que as crianças aprendiam “propaganda” mentirosa”. “Eu costumava passear com eles. A informação [de cárcere privado] está errada, porque elas inclusive estudaram de 2007 a 2011. Aí eu retirei da escola porque eu achei que o clima estava ruim na educação delas.”

A defensora pública que acompanha o caso, Ana Cristina Barreto, informa que “a realidade destas crianças está longe de alcançar o que garante o Estatuto da Criança e Adolescente e clama por uma interferência urgente, enérgica, eficaz e definitiva, a fim de minimizar as consequências danosas do possível cárcere. Pelos fatos apontados não há dúvidas quanto a incapacidade dos genitores de manterem os filhos sob sua guarda e responsabilidade”.

Os filhos, quatro meninas e dois meninos, têm idades entre 4 e 19 anos. O caso foi denunciado após denúncia anônima por meio do Disque 100.

Segundo a Defensoria Pública do Ceará, as vítimas eram mantidas presas em um apartamento sem móveis e eram impedidas de ter contato com outras pessoas. As crianças também não frequentavam a escola e duas delas não possuem certidão de nascimento. Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso.

Os vizinhos do empresário que supostamente mantinha seis filhos e a mulher em cárcere privado afirmam já ter visto o homem passeando com a família durante as madrugadas na praça em frente onde mora. Há relatos também de que eles passeavam de bicicleta, durante o dia, no entorno da residência. O empresário foi detido na Rua Visconde de Mauá, no Bairro Dionísio Torres, e conduzido à delegacia na manhã desta sexta-feira (25), em Fortaleza, após uma denúncia anônima.

Autor: Da redação com G1/Foto: TV Verdes Mares/Reprodução