Senadores pedem apuração de esquema para afastar a presidenta Dilma

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José Pimentel assinou representação à PGR contra Romero Jucá

Quinze senadores de cinco partidos políticos (PT/PCdoB/PDT/Rede/PPS) representaram junto à Procuradoria Geral da República (PGR), nesta terça-feira (24/5), contra o senador Romero Jucá. O documento, assinado pelo senador José Pimentel (PT-CE), pede a abertura de investigação para apurar até que ponto Jucá interferiu para obstruir a Operação Lava Jato e influir no processo de afastamento da presidenta da República, Dilma Rousseff.

Segundo Pimentel, a representação estimula maior celeridade às investigações, diante da gravidade dos fatos revelados pelas gravações de conversas de Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. “As gravações deixam muito claro que o senador Romero Jucá construiu todo um ambiente para viabilizar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e impedir o andamento das investigações da operação Lava Jato”, afirmou Pimentel.

O senador Pimentel destacou a importância da atuação rápida da PGR para evitar que o senador Jucá volte a cometer irregularidades tão graves. “Na nossa leitura, o senador Romero Jucá praticou obstrução da justiça e, ao mesmo tempo, praticou atos muito graves, entre eles a indução para que o processo de impedimento da presidenta Dilma fosse materializado”, considerou.

A representação foi assinada pelos dez senadores petistas: Ângela Portela (RO), Fátima Bezerra (RN), Gleisi Hoffmann (RS), Humberto Costa (PE), Jorge Viana (AC), José Pimentel (CE), Lindbergh Farias (RJ), Paulo Rocha (PA), Paulo Paim (RS) e Regina Sousa (PI). Assinaram, ainda, os senadores Telmário Mota (PDT-RR), Cristovam Buarque (PPS-DF), Reguffe (Sem Partido-DF), Randolfe Rodrigues (REDE-AP) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Na representação, os senadores também pedem que Jucá seja impedido de retornar ao cargo de ministro do Planejamento, do qual foi exonerado depois da divulgação de conversas do parlamentar com o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado. A representação solicita ainda que, mesmo retomando o cargo de senador, Jucá seja impedido de frequentar lugares, ter contato com pessoas, ou usar sua função de parlamentar para, de qualquer  forma, tentar criar obstáculos ao andamento da Operação Lava Jato.

O documento aponta que, no diálogo divulgado pela imprensa, Jucá e Machado falam claramente de um amplo acordo para barrar novas investigações da Lava Jato que levassem a outros parlamentares, deixando o processo restrito ao PT.

“Na conversa, o senador Romero Jucá afirma que seria necessária a ‘articulação de uma ação política’ que, inclusive, contaria com a aquiescência da Suprema Corte, para afastar a senhora Presidente da República do exercício da chefia do Poder Executivo”, diz o texto.

A representação afirma ainda: “Não bastasse a gravidade em si de se ter um senador da República a operar, francamente, no sentido de lograr a obstrução da Justiça, ou, quiçá, a praticar tráfico de influência em face do que, potencialmente, poderia ser dito às autoridades pelo senhor Sérgio Machado, o que ainda se observa, prima facie, é a inominável forja de ambiência institucional e mobilização da opinião pública propícias a desestabilização e derrubada de um governo legítimo, ungido em manifestação da soberania popular, com evidente desvirtuamento de finalidade do instituto do crime de responsabilidade. Seria preciso submeter a Senhora Presidente da República à expiação, para que, amainada a ira cívica, se contivesse a sangradura do estamento político.”

O texto alega que o senador Romero Jucá valeu-se da existência de uma legislatura beligerante para “fazer passar um voto de desconfiança” contra a presidenta Dilma, embora o sistema político brasileiro não seja parlamentarista. “Seria preciso submeter a Senhora Presidente da República à expiação, para que, amainada a ira cívica, se contivesse a sangradura do estamento político”.

Autor: Da redação com Conteúdo em colaboração com Liderança do PT no Senado/Foto: Divulgação