“Sai Capeta”, Mulher agride criança e é levada pela polícia à igreja

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Caso ocorreu nesta quarta-feira no saguão da Junta Comercial de Roraima.
“Por uma questão de identificação, viemos até a igreja”, afirma policial.

Uma criança foi agredida nesta quarta-feira (24) por uma mulher no saguão de atendimento da Junta Comercial do Estado de Roraima, no Centro de Boa Vista. Testemunhas afirmam que a mulher tentou esganar a criança. Ainda não há informações se existe parentesco entre elas. A Polícia Militar foi acionada, esteve no local atendendo a ocorrência e as duas foram levadas a uma igreja evangélica.

De acordo com o sargento Aldrin Costa, a polícia recebeu informações de que a mulher teria conhecidos na igreja. “Nem ela nem a criança tinham documentos. Então por uma questão de identificação viemos até a igreja, mas o pastor afirmou não conhecer a mulher que estava muito agitada. Foi feita intervenção religiosa, mas nada resolveu”, explica.

Diante do quadro, o policial informou que uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada para remover a mulher da igreja até o hospital. O Conselho Tutelar de Boa Vista também esteve no local para recolher a criança, de aproximadamente 3 anos.

Questionado sobre o motivo da mulher ter sido levada a uma igreja ao invés da Delegacia de Polícia para adoção das medidas cabíveis contra a violência à criança, o sargento destacou que o papel da PM é também o de mediar conflitos. “O caso [dela] é uma questão de saúde”, frisa. O relatório produzido sobre o caso pela guarnição será apresentado no 1º Distrito Policial.

Agressão
A agressão contra a criança foi testemunhada por várias pessoas que aguardavam atendimento na Junta Comercial durante a manhã. O caso ocorreu por volta de 10h30. A administradora Ana Carolina Rodrigues, que registrou o momento da agressão, disse que antes de entrar no órgão chegou a ver a mulher e a criança olhando artigos para celular em uma loja próxima.

“Eu vi quando ela entrou na Junta Comercial com a menina no colo. Depois de alguns minutos só vi os gritos e o choro da criança. Quando olhei, ela estava empurrando a cabeça da criança com uma mão e a outra no pescoço dela forçando. Várias pessoas correram pra ajudar a criança e a mulher então agarrou nos cabelos da menina”, relata.

A administradora contou que foram momentos de ‘terror’. As pessoas tentaram por vários minutos fazer com que a mulher soltasse a criança. “Umas dez pessoas intervieram, mas ela não largava o cabelo da criança. Teve um momento até que achamos que ela tivesse matado a menina, porque a criança se calou e ficou muito vermelha”, lembra.

Assim que a criança foi resgatada do colo da agressora, a polícia foi acionada. “Foi um negócio muito feio. Ela [a mulher] ficou com um tufo de cabelo da criança na mão”, diz Carolina. Depois da agressão, a criança chegou a chamar a mulher de tia. O parentesco ou não da agressora com a menina ainda é investigado.

Conselho Tutelar
Após receber o relato de testemunhas sobre o caso, o G1 procurou a polícia para obter informações oficiais sobre a agressão. Até às 12h a agressora ainda não havia sido apresentada na Central de Flagrantes no 5º Distrito Policial. O Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente também não tinha conhecimento do caso.

Ao ser procurado pela reportagem, o conselheiro Franco Rocha informou que foi informado sobre o caso por pessoas que estavam no local, mas ainda não tinha sido acionado pela polícia. Depois de horas do ocorrido ele disse que um funcionário da igreja evangélica solicitou apoio do Conselho Tutelar de Boa Vista.

“Na minha concepção, a medida adotada pela polícia não foi a mais correta. Eles tinham que ter acionado o Conselho Tutelar imediatamente para que pudessem ser adotadas as medidas protetivas em favor da criança que estava em situação de risco”, critica o conselheiro.

Depois de ser recolhida, a criança foi levada para o abrigo infantil para cuidados emergenciais. “Aparentemente, não havia ferimentos na criança. Depois de alimentada, ela será levada ao hospital para passar por avaliação médica”, informa Rocha. A polícia procura familiares da mulher e da criança.

Do G1/foto: Ana Carolina Rodrigues