Até esta sexta (2/03), pelo menos nove vítimas entre 18 e 39 anos prestaram queixas referentes a abusos em consultas médicas com o profissional.
Depois da prisão de Kid Nélio Souza de Melo, médico de 35 anos suspeito de estuprar pacientes em unidades de saúde do Recife, a Polícia Civil contabiliza, pelo menos, nove vítimas, entre 18 e 39 anos, que relataram ter sido abusadas pelo profissional. Até esta sexta-feira (2), o crime mais antigo registrado pela corporação ocorreu em 2016. Em um dos relatos, uma das vítimas afirmou ter sido abusada após ser anestesiada.
Relatado por uma vítima de 30 anos, o estupro ocorreu após ela ter sido sedada para uma cirurgia em um dos dedos do pé. “Ela afirma que logo depois da anestesia, sentiu que ele tirou a calcinha dela. Ao chegar em casa, ela sentiu dores na genitália e percebeu que estava com um sangramento. Apesar de vagas, as lembranças dela também dão conta de que houve penetração”, explica a delegada
Atuando como ortopedista, ele atendia na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, da qual foi afastado das atividades, e em um hospital particular cujo endereço não foi divulgado pela polícia. De acordo com a delegada Ana Elisa Sobreira, responsável pelas investigações, o médico atuava seguindo uma “ordem” de ações.
“Uma dor na coxa levava à retirada da calcinha e ao toque na genitália”, diz o chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral
“As pacientes chegavam para serem atendidas e ele fazia um exame físico para saber onde era a dor. Em seguida, elas iam fazer os exames e voltavam, quando eram abusadas por ele”, explica. Ainda segundo a Polícia Civil, as situações variavam conforme cada paciente.
“Nem sempre havia conjunção carnal. Em um dos casos, ele tocava as vítimas por cima da roupa, em outros casos havia toques por debaixo das roupas íntimas. Ele se aproveitava da condição de médico para abusar das vítimas, que ficavam na dúvida se as atitudes que ele tomava eram realmente normais durante as consultas”, afirma a delegada Ana Elisa Sobreira. O Conselho Regional de Medicina em Pernambuco (Cremepe) abriu sindicância para apurar a conduta do profissional.
Durante o depoimento nesta sexta (2), o homem apresentava tranquilidade, segundo a polícia. “Questionamos se ele gostaria de fazer uma coleta de material genético para confrontar com o DNA encontrado nas vítimas, mas ele se recusou porque disse que provavelmente era dele. Ele confirmou as conjunções carnais, mas negou os outros sete estupros que registramos”, alega a delegada responsável pelo caso. O G1 tenta localizar a defesa do suspeito.
Vítimas de estupros cometidos pelo médico, por ordem de denúncia.
Idade | Data do crime | Local do Crime |
18 anos | 21/02/2018 | UPA Imbiribeira |
23 anos | 15/02/2018 | UPA Imbiribeira |
22 anos | 03/01/2018 | UPA Imbiribeira |
39 anos | 29/11/2016 | Hospital Particular |
30 anos | 15/10/2016 | Hospital Particular |
27 anos | 29/11/2017 | UPA Imbiribeira |
35 anos | 25/01/2018 | UPA Imbiribeira |
27 anos | 11/05/2017 | UPA Imbiribeira |
30 anos | 12/08/2016 | Hospital Particular |
Fonte: Polícia Civil de Pernambuco
Criminoso em série
Depois de uma jovem de 18 anos ter afirmado ser vítima de um estupro na UPA da Imbiribeira, a Polícia Civil recebeu outras denúncias semelhantes. “A partir do quarto depoimento, pudemos notar o mesmo perfil”, explica Joselito Amaral.

Após o início das investigações, a Polícia Civil fez quatro intimações para que o médico prestasse depoimento. “Ele é do Rio Grande do Norte, mas mora no Recife. Ele ficou entre os dois locais nesse período e, enquanto isso, fizemos uma investigação sigilosa e conseguimos um mandado de prisão contra ele”, relata a gestora do Departamento de Polícia da Mulher, Gleide Angelo.
Autor: Da redação com Marina Meireles, G1 PE/Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)