Em teleconferência com analistas estrangeiros, ministro diz que governo pode ter ‘fonte adicional de receitas’
Um dia depois de anunciar um corte de R$ 44 bilhões no Orçamento e uma meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, participou de uma teleconferência com analistas de mercado e jornalistas estrangeiros para detalhar a estratégia fiscal do Brasil para 2014.
Durante a entrevista, o ministro assegurou que o esforço fiscal será realizado mesmo que o governo tenha despesas extras com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que subsidia a desoneração das contas de luz e o uso de energia térmica no país. ‘O governo está preparado para cobrir eventuais despesas adicionais. Podemos fazer um sacrifício para implementar a meta de 1,9% do PIB.’
O ministro não explicou como fará esse sacrifício, mas sinalizou que pode elevar tributos para fechar a conta: ‘Podemos ter uma fonte adicional de receitas que não estão no Orçamento.’
Ele acrescentou: ‘Não está previsto nenhum aumento de tributos, embora isso possa ocorrer. É uma espécie de reserva que temos se for necessária para aumentar a arrecadação.’
Mantega disse que o custo adicional com o setor elétrico ainda não está claro e por isso não foi colocado no primeiro decreto de programação orçamentária do ano: ‘Não adianta colocar a carroça na frente dos bois.’
O ministro disse ainda que duas agências de classificação de risco já conversaram com o governo sobre as mudanças na política fiscal e receberam bem os novos números. Para ele, isso é sinal de que o país pode manter seu atual rating: ‘Acreditamos que o Brasil tem condições de manter a solidez das contas públicas e manter o rating.’
Mantega voltou a dizer que a política fiscal não sofre influência do ano eleitoral e classificou como equivocadas as avaliações de parte do mercado que apontam o Brasil como uma economia frágil: ‘Eu tenho visto análises equivocadas de que nossa economia é frágil. Essas análises se esquecem de colocar que temos reservas elevadas e que somos credores em dívida externa. Nossa solvência é muito confortável.’