A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estima que o Lúpus já afeta 120 mil a 250.000 mil pessoas
Lúpus eritematoso sistêmico (LES), ou simplesmente lúpus, é uma doença inflamatória, autoimune e crônica, cuja principal característica é a intermitência de suas manifestações clínicas. A pessoa com lúpus tem, habitualmente, fases nas quais apresenta sintomas chamados pelos médicos de “períodos de atividade” e, outros momentos, nos quais a pessoa fica sem manifestações da doença, chamado de período de “remissão”.
Evandro Mendes Klumb, coordenador da Comissão de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro, explica que ainda que a pessoa não apresente sintoma algum, não é possível afirmar que a doença esteja “curada”, pois as alterações imunológicas continuam presentes e podem determinar o retorno dos sintomas outra vez. “É necessário manter o controle médico de forma contínua com o uso de um ou mais medicamentos para a maioria das pessoas portadoras de lúpus, que ajudam a manter a doença sob controle”, esclarece o especialista.
O lúpus pode apresentar sintomas em vários órgãos, sendo esses decorrentes de uma inflamação, ocasionada por um desequilíbrio no sistema imunológico da pessoa, fazendo com que ela produza uma quantidade aumentada de anticorpos. “São exatamente esses (auto) anticorpos que têm a capacidade de reagir contra proteínas do nosso próprio organismo, que estabelecem o conceito de doença autoimune”, explica o especialista da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Evandro Klumb, ressaltando ainda que a causa do lúpus, ainda que dependa de uma herança genética, também está relacionada a fatores ambientais, entre esses não só da irradiação ultravioleta, mas também o tabaco.
Muitas vezes, a pessoa com lúpus apresenta inflamação na pele com ocorrência de machas. Já, a inflamação nas juntas faz com que a pessoa apresente inchaço (com artrite). Se houver inflamaçãona membrana que recobre os pulmões (pleura) pode provocar dor para respirar e mesmo derrame pleural ou “água na pleura”. O especialista destaca ainda que qualquer órgão ou tecido pode ser envolvido pela inflamação que ocorre no lúpus, mas alguns são particularmente preocupantes.
Na pele do rosto, a pessoa pode ficar com marcas e por isso, estigmatizada, o que determina diminuição da auto-estima, principalmente para as mulheres. Existem dois tipos de lúpus: um é o sistêmico característico por apresentar sintomas em vários órgãos como pele, pulmões, coração, rins, além de articulações e outros, podendo ter um curso grave ou não. Nesta forma sistêmica, também são comuns sintomas gerais com cansaço, desânimo, anemia, febre baixa e emagrecimento.O segundo tipo é uma doença que só apresenta sintomas na pele, ou seja, não há qualquer manifestação nos outros órgãos e é denominado lúpus cutâneo.
Sintomas – O Lúpus eritematoso sistêmico (LES), desencadeia sintomas, que podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão. Nas fases iniciais do LES, principalmente, os sintomas que mais incomodam são desânimo, cansaço e perda de apetite.
A maioria das pessoas com LES também pode apresentar em, algum momento, dor nas juntas, às vezes também com inchaço (artrite). Além disso, de uma forma geral, pelo menos 50% dos portadores de lúpus terá, em algum momento da doença, inflamação na pleura (membrana que recobre os pulmões) ou no pericárdio (membrana que recobre o coração). Também cerca de 50% dos pacientes com lúpus apresenta inflamação nos rins, que não determina dor necessariamente, mas sim a perda de proteínas na urina, inchaço nas pernas e no rosto, hipertensão arterial e, nos casos mais graves insuficiência renal com necessidade de hemodiálise.
Diagnóstico e Tratamento – O diagnóstico do LES é feito pelo reconhecimento dos sintomas característicos da doença pelo médico reumatologista, em associação com exames laboratoriais, no mínimo, quatro de onze critérios clínicos, que incluem hemograma, avaliação dos rins e pesquisa dos distúrbios imunológicos próprios da doença, como a presença de auto-anticorpos no sangue (FAN, anticorpo anti DNA, anticorpo antiRoetc) e alterações em outros componentes do sistema imune.
O tratamento do portador de lúpus depende do tipo de manifestação apresentada e deve ser individualizado. O objetivo, de acordo com o especialista, é reequilibrar o sistema imunológico, além de controlar dor e inflamação. E o tratamento começa pela conscientização do paciente. “A intensidade com que se busca esse reequilíbrio e a quantidade de medicamentos necessários para esse controle, depende fundamentalmente da gravidade e extensão da doença.
Nos casos iniciais e mais leves, pode-se usar apenas a cloroquina ou hidroxicloroquina (que são imunomoduladores) e analgésicos”, destaca Klumb. “Por outro lado, para os casos mais avançados ou mais graves, pode se fazer necessário o emprego de corticosteroides (cortisona), imunossupressores e mais modernamente, também alguns medicamentos denominados de agentes biológicos como terapia ‘míssel’ ou terapia ‘alvo’.
O especialista destaca como sendo fundamentais para o reequilíbrio imunológico do portador de lúpus medidas de proteção contra a claridade ou irradiação solar (com o uso de fotoprotetores), suspensão do tabagismo, quando presente, afastamento de condições de estresse, alimentação balanceada, repouso adequado e atividade física regular. Na atualidade, ainda não é possível falar em cura do lúpus, mas em controle da doença.
Existem inúmeras pessoas com LES que usam apenas cloroquina e medidas gerais com um bom controle da doença, segundo Klumb. No entanto, a maioria irá precisar de um acompanhamento regular, a cada três ou seis meses, com um reumatologista, pois, em caso de uma reativação dos sintomas da doença, esses devem ser controlados logo no início, permitindo que a pessoa rapidamente reequilibre o seu sistema imunológico e recupere sua saúde. “Hoje, podemos afirmar que a maioria das pessoas com lúpus leva uma vida relativamente normal, ainda que essa normalidade seja flutuante e dependa de um acompanhamento regular com o reumatologista”, diz o especialista.
É consenso entre os especialistas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) que cada vez mais surgem novos conhecimentos acerca dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Conseqüentemente, novos medicamentos, com mais eficácia e menos efeitos adversos.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) disponibiliza na internet uma cartilha com foco no esclarecimento e orientação sobre a doença Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), com linguagem simples e informativa para leigos. O material para download está disponível em: http://www.reumatologia.org.br
Cenário da doença de acordo com as conclusões dos especialistas:
• Estima-se que 120 mil a 250 mil pessoas tenham Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) no Brasil.
• 1 a cada 1.000 mulheres, no Brasil, são portadoras de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).
• No Rio de Janeiro, estima-se que a doença afeta entre 8 a 14 mil pessoas. • Em São Paulo, os especialistas estimam a existência de 12 a 18 mil portadoras de LES.
• A doença pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas, principalmente, na faixa etária entre 20 e 45 anos.
• Existem dois tipos de lúpus: um é o sistêmico característico por apresentar sintomas em vários órgãos como pele, pulmões, coração, rins, além de articulações e outros, podendo ter um curso grave ou não. O outro tipo denominado lúpus cutâneo só apresenta sintomas na pele, sem qualquer manifestação nos outros órgãos.
• O diagnóstico do LES é feito pelo médico reumatologista que reconhece os sintomas característicos da doença, com associação a exames, que incluem hemograma, avaliação dos rins e pesquisa dos distúrbios imunológicos próprios da doença.
• Nas fases iniciais da LES os sintomas que, principalmente, mais incomodam são desânimo, cansaço e perda de apetite.
• O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é a principal causa de internação hospitalar entre as doenças reumáticas.
• Atualmente, não se pode falar em cura, mas em controle da doença. O tratamento começa pela conscientização do paciente.
Da redação/foto divulgação