Inflamação na vesícula

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vesiculaCerca de 10% a 15% da população ocidental sofre de inflamação da vesícula ou colecistite, problema que afeta mais mulheres e aumenta de acordo com a idade. Fatores genéticos também têm importante papel na ocorrência de cálculos na vesícula biliar, um pequeno reservatório localizado abaixo do fígado, que concentra a bile, secreção que auxilia na digestão dos alimentos (gorduras) e é produzida pelo fígado. Parentes de primeiro grau de portadores de cálculo na vesícula biliar (coletitíase) têm risco quatro vezes e meio maior de apresentar cálculos do que pessoas sem parentesco.

De acordo com Bruno Righi Rodrigues de Oliveira, cirurgião geral e do aparelho digestivo e coordenador da residência médica de cirurgia geral da Fundação Mário Penna, a colecistite é a inflamação da vesícula biliar, podendo ser aguda ou crônica. “A vesícula biliar tem a função de armazenar a bile produzida no fígado, que atua no intestino delgado, facilitando a digestão de gorduras”, explica.

Bruno ressalta que alguns pacientes com pedra na vesícula não apresentam sintomas e descobrem os cálculos durante exames de rotina. Outros relatam dificuldades digestivas, como dor de estômago, sensação de saciedade excessiva depois das refeições, especialmente com a ingestão de gorduras. “Já na colecistite aguda (cálculo no interior da vesícula, acompanhada de inflamação e infecção), ocorrem os mesmos sintomas da colelitíase, porém, os sintomas incluem mal-estar geral, vômitos, febre, alterações importantes nos exames laboratoriais, como aumento das células brancas do sangue, além de sinais de irritação na região direita do abdômen, muitas vezes levando o paciente a se contorcer durante o exame físico realizado pelo médico.”

A diferença entre a crise biliar e a colecistite aguda é importante, já que a primeira responde bem aos analgésicos venosos, com jejum e hidratação por soro (endovenosa). A segunda, por outro lado, exige antibióticos e, na grande maioria das vezes, tratamento cirúrgico. “O ultra-som de abdômen é fundamental para caracterizar o quadro”, comenta. Bruno explica que os cálculos (pedras) são formados de colesterol ou de pigmentos. “Os cálculos de colesterol correspondem a mais de 80% dos casos. A obstrução do canal biliar eleva a pressão no interior da vesícula biliar, provocando uma inflamação. Em 20% a 50% dos casos, uma infecção bacteriana associa-se ao quadro”, alerta.

O tratamento da crise biliar consiste em jejum, analgésicos potentes e hidratação venosa. O tratamento cirúrgico pode ser programado com a realização de exames pré-operatórios e avaliação do risco cirúrgico. “Na colecistite aguda, além do jejum e da hidratação venosa, o paciente deve tomar antibióticos e ser preparado para cirurgia. Pacientes muito graves, como idosos, cardiopatas, portadores de doenças renais ou pulmonares avançadas e internados no CTI, são tratados com antibióticos, com boa resposta”, esclarece.

Definição

Inflamação da vesícula biliar. A colecistite aguda é uma inflamação bacteriana ou química da vesícula que, se não for tratada adequadamente, pode provocar infecção de todo o abdômen, levando o paciente à morte.

Causas

Geralmente, é causada pela impactação ou acúmulo de cálculo, com bile muito concentrada e espessa na porção terminal da vesícula biliar, levando ao fechamento do ducto de saída da bile para o intestino. Pode ocorrer sem a presença de cálculos em situações especiais, como em pacientes com jejum prolongado, que estejam recebendo nutrição parenteral (para ser administrada por via venosa) e pacientes internados em CTI.

Pode tornar-se crônica?

As crises biliares de repetição levam a inflamações repetidas da vesícula biliar colecistite crônica. As crises começam a ser mais freqüentes e o paciente passa a não se alimentar bem com medo do retorno da dor. A intolerância a gorduras piora. Vários pacientes descrevem náuseas intensas ao sentir odor de frituras.

Fatores de risco

– Obesidade
– Níveis elevados de triglicerídes
– Sexo feminino
– Perda rápida de peso
– Doenças do intestino delgado (doença de Crohn)
– Predisposição genética
– Uso de medicamentos (estrógenos, por exemplo)
– Exercícios físicos (risco menor)

Conseqüências

A colecistite aguda não tratada pode tornar-se grave, evoluindo para:
– Formação de abscesso
– Necrose
– Infecção abdominal grave
– Pancreatite biliar (com risco de morte)

Tratamento

– Antibióticos
– Procedimento cirúrgico