Em Iguatu-CE: Ocupação vira símbolo de luta por moradia

2406

A luta pela moradia é saída para pessoas que sofrem com a constante elevação das taxas de inflação no preço dos aluguéis e dos imóveis, aliado ao aumento do desemprego e das oportunidades.

A dimensão do problema da moradia em Iguatu com cerca de 100 mil habitantes fica clara com as recém-ocupações nos últimos dias. A falta de moradia e o peso do aluguel sobre os ganhos da família são problemas cotidianos para os habitantes de Iguatu e do país, especialmente para a parcela mais pobre da população.

E, enquanto para parte dos trabalhadores (as) o direito à moradia é mera letra morta na legislação brasileira, à especulação imobiliária ou o puro interesse privado deixam terrenos e prédios vazios, inutilizados, no centro e na periferia das cidades.

IMG-20150819-WA0040

O Comando de greve dos servidores municipais de Iguatu, somado a demais servidores mais uma vez estiveram no acampamento para ser solidário as famílias, na manhã desta quarta feira (19/08) e parabenizar pela conquista, e reforçar que através da organização e a resistência na luta por moradia vem às conquistas por direitos. “Nosso objetivo aqui é manter o principio de solidariedade pelas nossas lutas e o desejo que vocês resistam, porque ainda há um longo caminho pela frente” explicou Rita Clares do Comando de Greve.

20150819_092453Os grevistas também estão se mobilizando para arrecadar donativos para as famílias da ocupação, os servidores que quiserem doar, deixar até o final da semana suas doações na Sede do SPUME ou no SindGuardas.

 

Sensibilidade

Solicitamos que os governos federal, estadual e municipal se sensibilizem com a situação das famílias e com a maior brevidade atendam suas reivindicações, assim como garantam que as negociações com o movimento aconteçam sem nenhum tipo de violência.

 

Prefeitura promete

Segundo um dos representantes das famílias, Antônio Alves da Silva (Café) houve uma negociação com a prefeitura, alguns Vereadores com o intermédio de Padre Anastácio, os Irmãos Maristas, e as famílias onde ficou acordado que o Prefeito disponibilizaria num prazo de duas semanas, um terreno para construção de casas que às famílias da Ocupação das Margaridas*, irá angariar através da Secretaria das Cidades do estado, através do Projeto Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. “Nós só sairemos daqui se for para o terreno que a prefeitura disponibilizar”, “foi feito um pedido de imediato que se providenciasse lona, agua, cestas básicas, banheiro químico pra dispor o mínimo pras nós”, explicou Café. As 150 famílias estão sendo cadastradas pelo CRAS do Território para o fornecimento de benefícios eventuais.

* Título que ficou denominado por eles, pelo período conciliar com a Marcha das Margaridas em Brasília, referenciando o movimento iniciado pelas 7 mulheres que começaram a ocupação há 22 dias no João Paulo II .

 

O chamamento público

Foi por causa da organização popular que a moradia se tornou um direito constitucional na década de 1980, e é a força desses movimentos que impulsiona a concretização desse direito. Deles fazem parte não apenas quem precisa de moradia, mas todos que lutam por uma sociedade mais justa.

Desde 1984, por todo o pais, multiplicavam-se os movimentos pela moradia, o que apontava no país a progressiva ampliação e diversidade de organizações populares que contavam com o apoio de lideres populares, interlocutores políticos  e da igreja católica. Em Iguatu, como não poderia ser diferente recebeu o apoio da Igreja católica, de movimentos sociais, e pessoas sensíveis a causa dessas famílias, que acordam para busca de seus direitos. Outro ponto do movimento que precisa ser destacado é o fato de que, nesse processo, muitas bandeiras de luta foram agregadas às mobilizações e uma formação das lideranças populares que faz com que o movimento enxergue além da luta por moradia, abarcando tudo que envolva a cidadania na região.

 

A edificação

IMG-20150819-WA0041

Vive uma profunda transformação: de uma área abandonada há dois anos, passou a espaço de moradia para centenas de pessoas. Os primeiros dias foram em baixo de lona, barracos improvisados, mas que já abrigavam famílias inteiras, inclusive crianças e idosos. Passado 15 dias, as moradias avançaram para madeirite, tábua e coberturas que protegem melhor da poeira, vento e frio. O local não tem água e nem energia elétrica, a vizinhança é solidário com os ocupantes e fornece agua, a noite as fogueiras, o candeeiro e as velas se transformam em luz, o matagal se torna banheiro ecológico.

 

Ocupações em Iguatu

Hoje dia (19/08), completa 22 (vinte e dois) dias que duas ocupações simultaneamente foram fixada nos bairros João Paulo II e no Areias, sendo um com 150 famílias acampada numa área pública destina a uma guarda poliesportiva, porem essa áreas segundo os ocupantes esta a dois anos parada, só com a construção do muro e o outra com cerca de 60 famílias , numa área enfrente a Academia de Saúde que ainda não esta funcionando só tem a edificação.

 

Posto de Coleta

Quem quiser se solidarizar através de doações, entregar na Escola Marista que é o posto de coleta desses donativos, as famílias precisam de Lona, Água, Alimentos, Roupas Colchões e Lençóis.

 

Saiba Mais

100 Famílias que ocupam uma área em Iguatu recebem profissionais do CRAS

Em Iguatu: Invasão gera impasse

 

Autor: Rogério Ribeiro/Fotos: Renata Célia.