A reabilitação dos movimentos dos membros superiores permite a pacientes mastectomizadas a retomada plena das funções no trabalho e em casa.
No dia 13 de outubro (domingo), comemora-se, no Brasil, o Dia do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional. Essenciais em diversos setores das unidades da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), esses profissionais promovem o bem-estar e a reabilitação da saúde dos pacientes. Nesta data comemorativa, vamos conhecer pessoas que exercem essas profissões, na Rede Sesa, com empatia e conhecimento.
No Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPC), unidade da Sesa, a Fisioterapia cumpre papel ativo na recuperação de pacientes mastectomizadas: o trabalho realizado é fundamental após cirurgias de intervenção na mama, para a recuperação dos movimentos dos braços, dos ombros e do tórax. Pacientes são encaminhadas ao setor ainda antes da realização do procedimento cirúrgico, seja ele a retirada de um nódulo ou de toda a mama.
Silvana Costa, uma das profissionais da unidade, explica por que o encaminhamento antes da cirurgia — e não somente depois — é tão importante: “Existem orientações que podem ajudar a diminuir incômodos, dores e limitações dos movimentos. São instruções gerais sobre postura e respiração, úteis desde os primeiros momentos depois da cirurgia. Como mover ou não mover o braço da mama operada, seja no leito ou na hora de sentar, e o principal: não ter medo de se mexer”.
As sessões de fisioterapia podem ser iniciadas logo após a retirada dos pontos e o tempo de acompanhamento pode variar de semanas a meses, de acordo com as limitações apresentadas pela paciente.
A reabilitação dos movimentos dos membros superiores permite aos pacientes a retomada plena das funções no trabalho e em casa. “Não é somente mobilidade o que elas recuperam, é a autoestima também. Porque, junto com a mobilidade, vem também de volta a independência”, afirma a fisioterapeuta do IPC.
Imaculada Araújo, 63, relembra o que sentia logo após a retirada da mama direita, em 2018, por causa da cirurgia de um câncer: “A gente ouve cada coisa. Que não vai poder fazer isso ou aquilo, que vai ficar tudo limitado. Dá muito medo. Involuntariamente, o receio bloqueia o braço, a coluna, tudo. Mas quando começa a fisioterapia, aos poucos a gente vai se soltando e adquirindo uma segurança que é boa tanto para o corpo como para a mente”, diz.
“Mas deu tudo certo, graças a Deus e graças aos exercícios, ao trabalho e ao acolhimento aqui da Fisioterapia”, comenta a paciente do IPC. “Porque, sim, o acolhimento também faz parte do tratamento, também fortalece a gente”, conclui.
Fisioterapia respiratória
Com um desconforto respiratório grave, o pequeno Santiago, de cinco meses, deu entrada na emergência pediátrica do Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Sesa em Sobral. Acompanhado da mãe, a dona de casa Sandyla Maria Sousa da Costa, 32, o bebê é atendido por uma equipe multiprofissional e passa por uma série de terapias, entre as quais a fisioterapia respiratória. Sandyla diz entender a importância para o tratamento do filho. “Ele ficou bem cansadinho, respirando com dificuldade. A terapia ajuda”, garante.
Terapias respiratórias garantem conforto, otimizam tratamento e reduzem tempo de internação dos pacientes
As fisioterapias respiratórias respondem por mais de 55% dos atendimentos totais do serviço. Por mês, a equipe de 61 fisioterapeutas realiza quase 17 mil atendimentos em 18 setores do HRN, dos quais cerca de 9,5 mil são respiratórios. “Em muitos casos, a intubação do paciente é evitada com o atendimento de fisioterapia. E para os pacientes que precisam ser intubados, as terapias reduzem o tempo de internação e de necessidade do tubo”, explica a coordenadora do serviço de fisioterapia do HRN, Andressa Lira.
Entre as terapias respiratórias estão a prescrição e manejo de oxigenoterapia, remoção de secreções pulmonares e aspiração, reabilitação de pacientes com sequelas ou muito tempo internados, intubação e extubação. “A área da fisioterapia respiratória é muito ampla. O tempo de atendimento vai variar de acordo com o tipo de sintoma, se são doenças crônicas agudizadas ou patologias agudas”, explica a fisioterapeuta do HRN, Lidiane Caetano.
Os principais tipos de atendimentos acontecem em pacientes com enfermidades como pneumonia, bronquiolite, asma, além de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), uma doença respiratória que dificulta a respiração, ao bloquear o fluxo de ar. Há ainda casos de pacientes cardíacos ou que fizeram alguma cirurgia abdominal que precisam da atuação do profissional.
Transtornos mentais
A artesã Sara Lima, de 36 anos, é paciente do Hospital Dia Lugar de Vida, no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Há mais de um ano é acompanhada devido ao diagnóstico de esquizofrenia e ansiedade generalizada. Ela conta que passou por momentos difíceis antes do tratamento hospitalar, mas atualmente avalia que está bem melhor e já tem participado de todas as atividades oferecidas na unidade. “Além das consultas psiquiátricas, das terapias em grupo e individuais com o psicólogo e os trabalhos de arteterapia, a fisioterapia também tem sido incluída no meu tratamento. A gente aprende a respirar melhor, faz alongamento, musicoterapia e alguns exercícios. Isso tudo tem me ajudado a ficar mais calma, relaxada, com menos dores no corpo e até o meu sono melhorou”, reconhece.
O trabalho de fisioterapia com pacientes do Hospital de Saúde Mental envolve diversas abordagens para promover a reabilitação física e mental
No HSM, a fisioterapia é indicada aos pacientes internados e ambulatoriais. De acordo com o coordenador do serviço, o fisioterapeuta Gilberto Carlos da Silva, a atividade tem impacto positivo na saúde mental, auxiliando no controle emocional, reduzindo o estresse e promovendo o bem-estar geral. Além disso, contribui para os benefícios físicos, como a melhora da mobilidade e alívio de dores.
“A fisioterapia pode ajudar no tratamento de diversos transtornos mentais, incluindo aqueles mais comuns como depressão e ansiedade, além de outros transtornos como esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar (TAB), transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtornos alimentares (anorexia, bulimia)”, cita o especialista.
Ele explica que as intervenções incluem exercícios de mobilidade, atividades de relaxamento, integração sensorial, reabilitação psicossocial com foco na autonomia do paciente e na reintegração social. “Eu avalio as necessidades individuais de cada paciente, considerando as condições físicas e os diagnósticos psiquiátricos. A partir disso, aplico técnicas como alongamento, respiração profunda e relaxamento muscular progressivo, que podem ajudar a reduzir a agitação psicomotora e a ansiedade, que são comuns em muitos distúrbios psiquiátricos. As atividades físicas leves, como caminhadas, e atividades físicas moderadas podem liberar endorfinas, melhorando o humor e diminuindo os níveis de estresse e tensão”, enfatiza.
Autor: Da redação com ascom/fotos: ascom