Deputado Chico Guerra presidiu a audiência pública
A Assembleia Legislativa do Estado (ALE-RR) realizou na manhã desta terça-feira, 9, audiência pública para tratar da violência contra turistas brasileiros dentro da Venezuela. Além dos parlamentares, estiveram presentes deputados e vereadores do estado do Amazonas, deputados federais, senadores e representantes da sociedade civil.
O presidente da ALE-RR, deputado Chico Guerra (PSDB), destacou que há 20 anos realiza trabalhos ligados diretamente à Venezuela.
“No início a nossa preocupação eram os garimpeiros e hoje são os turistas. A Venezuela teve um grande apoio do senador Romero Jucá (PMDB) e contou com o prestígio dos senadores de Roraima para se integrar ao Mercosul. Não podemos admitir que o nosso povo seja tratado da forma que vem sendo”, desabafou.
De acordo com Guerra, a ALE-AM abraçou a causa, e assim como os roraimenses, diversos amazonenses, incluindo parlamentares, já passaram por diversos tipos de constrangimentos dentro da Venezuela. “A nossa intenção é criar uma área de segurança entre Santa Elena e Barcelona, com vigilância ostensiva, principalmente nas épocas de alta estação. Precisamos dar segurança aos brasileiros que visitam aquele país”, disse.
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALE-AM, deputado Abdala Fraxe (PTN), o que mais indigna a população é que grande parte dos maus tratos partem das autoridades policiais, aqueles que deveriam proteger. “Como é que um país que depende muito mais do Brasil trata os turistas brasileiros tão mal?”, questionou. Fraxe destacou que se medidas drásticas fossem tomadas, como o fechamento temporário da fronteira, os próprios venezuelanos repensariam o modo como tratam os turistas.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALE-RR, deputado Jânio Xingu (PSL), pediu aos deputados federais e senadores que esta audiência não se tornasse apenas um momento de reflexão, mas que gerasse um documento que pudesse intervir junto ao Ministério das Relações Exteriores para que os resultados fossem visto na prática. “O deputado estadual é limitado. Tudo que podemos fazer já começou a ser feito hoje”, disse.
Durante a audiência pública foram ouvidos diversos relatos de pessoas que tiveram problemas dentro da Venezuela. Como o caso de Francisco Joacir Freitas, da Embrapa, que foi torturado e teve seu veículo roubado na fronteira com o Brasil.
Outro relato emocionante foi o de Mateus Gomes, filho do empresário Dinho, assassinado em fevereiro deste ano. Essa foi a primeira vez que Mateus falou em público sobre o incidente, e contou detalhes de toda a violência sofrida. “As pessoas só tomam providências quando uma tragédia acontece. Se meu pai não tivesse morrido, talvez nunca tivéssemos essa audiência pública”, destacou.
O deputado federal Márcio Junqueira (DEM) destacou que essa audiência pública é apolítica. “Trata-se de integridade, não podemos mais aceitar essa violência e precisamos de atitudes radicais para não deixar mais a nossa população indefesa”, disse. Junqueira solicitou ainda uma maior interação nos próximos dias, para a aprovação de alguns requerimentos que sejam levados até a presidente Dilma Rousseff. De acordo com o parlamentar, esta foi uma das mais importantes audiências públicas que participou em sua vida política.
O presidente da Câmara Municipal de Pacaraima, Paulo Camilo (PR), comentou que é necessária uma cobrança maior das autoridades federais que regulam as aduanas, e que a polícia de imigração tenha uma presença mais forte e constante. “Hoje a demanda aumenta e o corpo funcional diminui. Acredito que possamos traçar um parâmetro”, disse.
O deputado federal Urzeni Rocha (PSDB) pediu uma reflexão sobre o atual momento político vivido no país. Segundo ele, Chávez levou o país a um empobrecimento enorme. “A Venezuela é um país bonito e vive as crustas do petróleo, sendo o quinto produtor mundial, mas a sua população é extremamente pobre”, comentou. O parlamentar solicitou que todas as autoridades construam um documento com procedimentos que melhorem essa relação turística entre os brasileiros e venezuelanos.
O deputado estadual Flamarion Portela (PTC), na ocasião representando a senadora Ângela Portela, destacou a insegurança política da Venezuela. “Aquele país passa por uma crise crescente e tem a corrupção enraizada. Hoje a Venezuela tem o mais índice de assassinatos da América Latina. Esta discussão é extraordinária, resultados surgirão, mas não podemos esperar por milagres”, ressaltou.
Os deputados Brito Bezerra (PP), Ivo Som (PTN), Coronel Chagas (PRTB) e Aurelina Medeiros (PSDB) também fizeram algumas colocações. O deputado Brito questionou a falta de compromisso de algumas autoridades que não estiveram presentes ao debate diante da relevância do tema. O deputado Coronel Chagas elogiou a inciativa do presidente da Casa pela realização da audiência pública e a parceria com Josué Neto (PSD), presidente da ALE-AM. “Nosso objetivo é buscar entendimentos e melhorar o relacionamento de brasileiros e venezuelanos, denunciando estas mazelas que nos atormentam”, finalizou.
Secom/ALE-RR/ Foto: H. Emiliano