Na manhã desta quinta-feira (21), a Assembleia Legislativa do Estado (ALE-RR) realizou uma audiência pública para debater a situação dos dependentes químicos no estado de Roraima. Além dos parlamentares, estavam presentes o secretário da Saúde, Leocádio Vasconcelos, a secretaária do Bem-Estar e Serviço Social (Setrabes), Fernanda Rizzo, o promotor André Paulo Santos Pereira, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina, José Antônio Nascimento, o presidente do Conselho sobre drogas, Agostinho Chagas Neto.
Fizeram parte da mesa ainda o representante do Movimento a Favor dos Dependentes Químicos, Darkson Mota, o presidente da Associação /Beneficente Agapão, Valdemilton Garcia, o coordenador da Casa Pai, José Romildo Ferreira Lessa, e o secretário estadual da Justiça e da Cidadania, Eliéser Girão Monteiro.
De acordo com Fernanda Rizzo, o estado tem feito por meio da Setrabes um acompanhamento e investido na capacitação de gestores e equipes técnicas em todos os municípios. “Este ano temos um investimento de 300 mil reais do governo federal para investir na capacitação em nível médio e superior para os funcionários dos 15 municipios do estado”, disse. Segundo Fernando, hoje o estado possui 23 centros de referência.
Leocádio Vasconcelos falou sobre algumas políticas públicas de saúde e destacou o que vem senti efetivado para auxiliar as famílias que necessitam de ajuda. Na oportunidade, o representante do Conselho Regional de Medicina colocou o órgão a disposição da batalha que é o enfrentamento contra as drogas no estado de Roraima.
Representando o Movimento a Favor dos Dependentes Químicos, Darkson Mota, destacou a omissão da prefeitura municipal e do governo do estado. De acordo com ele o discurso é muito bonito, mas na prática não acontece. “Roraima tem duas fronteiras abertas ao trafico de drogas. A droga entra e sai livremente dentro do nosso estado. O Caps não tem estrutura adequada para receber os dependentes químicos e abriga 25 pessoas onde cabem 10. Não há condições de fazer um tratamento adequado com estas pessoas”, destacou. Darkson comentou ainda que Roraima precisa desenvolver um trabalho de conscientização, tratamento e prevenção.
O promotor André Paulo Santos Pereira destacou que a maioria dos crimes ocorridos em Roraima tem, direta e indiretamente, ligação com o consumo de drogas. “Este é o motor que movimenta a máquina da criminalidade. Não só em Boa Vista, mas em todo nosso país. Não é só um problema de saúde pública, o problema é muito mais complexo e abrange vários setores sociais”, disse.
De acordo com o coordenador da Casa Pai, José Romildo Ferreira Lessa, hoje a casa atende 18 pessoas, mas há uma lista de espera com mais de 200 inscritos. “Isto não envolve só a saúde publica, mas também questões de família e também segurança. Infelizmente não temos condições financeiras de atender mais que 18 pessoas. Acredito que este debate é o caminho, precisamos chamar sociedade, órgãos públicos e buscar inciativas que tragam resultados. A prevenção é de suma importância, mas precisamos com urgência tratar aqueles que já estão no mundo das drogas, dar tratamento à eles, com algo que realmente funcione”, disse.
A visão dos parlamentares
O deputado Erci de Moraes (PPS) fez um apelo para que o debate sobre o tema não se encerre nesta audiência. “Precisamos de um evento mais amplo, envolvendo a Secretaria de Segurança e a Superintendência da Policia Federal, além da Secretaria de Educação. “É no meio escolar que esta ação se inicia, crianças e adolescentes são alvos fáceis de traficantes. Precisamos defender o todo e não uma parte”, destacou.
O deputado Flamarion Portela (PTC) se desculpou por muitas vezes acabar sendo omisso ao tema enquanto cidadão. “Nós, como parlamentares, temos 3 pilares de sustentação. O primeiro é elaborar leis de interesse da sociedade. O segundo é fiscalizar os outros poderes e o terceiro é representar o conjunto da sociedade. Não sei se o parlamento tem cumprido seu papel de forma adequada, mas sei que todos nós devemos trazer a dor que as mães de dependentes químicos sofrem para dentro de nossos corações”, disse emocionado.
O deputado Gabriel Picanço (PSB) comentou da falta de programas sociais para entender estas famílias. A deputada Ângela Águida Portella destacou que tem visitado conselhos tutelares por todo o estado e tem ficado muito triste com a realidade encontrada. “Ouço relatos de suicídio entre crianças e adolescentes por conta das drogas e da desagregação familiar. Precisamos trabalhar junto à educação e fazer com que os pais cuidem mais de perto a vida dos filhos”, ressaltou.
Os deputados Brito Bezerra (PP), Célio Wanderley (DEM) e Coronel Chagas (PRTB) também falaram a respeito. Chagas parabenizou esta legislatura pela realização de mais de 30 audiências públicas desde o seu inicio e falou da importância de debater temas de extrema relevância junto da sociedade. “A dependência química é muito complexa e dentro da área de segurança pública tive oportunidade de trabalhar em diversas frentes. Roraima é um corredor de drogas, que passam por aqui e ficam. Esta é uma luta que deve ser enfrentada, fortalecendo órgãos e programas especializados”, ressaltou.
O deputado Soldado Sampaio (PCdoB) avaliou a audiência pública de forma positiva. “Fico feliz em ter dado o pontapé inicial junto aos parlamentares”. O parlamentar agradeceu ainda o apoio do deputado Joaquim Ruiz (PV), que bastante emocionado, falou sobre um caso de dependência química em sua família.
Secom/ALE-RR/Fotos: Alfredo Maia