O julgamento de José Coelho Filho, acusado pela morte do auditor fiscal da Receita Federal, Nestor Leal, está previsto para ocorrer nesta terça-feira, dia 24 de setembro. Os procuradores do Ministério Público Federal serão responsáveis pela acusação. O júri deveria ter ocorrido no mês de julho, mas foi cancelado duas vezes. Dos seis acusados pela morte do auditor, o único que ainda não enfrentou o Tribunal do Júri foi José Coelho Filho.
O crime ocorreu em 1997, quando a vítima chegava com a esposa e filhos em casa. Ao parar no portão, o auditor foi surpreendido com os disparos na frente de seus familiares. Na época do crime José Coelho Filho era secretário adjunto de Segurança Pública no Estado de Roraima.
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal José Coelho Filho, à época dos fatos, comandava uma equipe de policiais especializados na solução de casos de alto grau de dificuldade. Dentre esses policiais, dois foram acusados pelo homicídio.
O autor dos disparos contra Nestor Leal, Francisco Idalécio, já condenado pelo crime, gozava da confiança do secretário adjunto de Segurança, frequentava o gabinete dele com habitualidade, além de ser parceiro de outros policiais envolvidos em crimes em Roraima.
Ainda conforme o MPF, no dia do crime, por volta do horário em que a vítima foi executada, Francisco Idalécio ligou para José Coelho Filho e horas depois, houve ligação inversa, ou seja, o retorno.
A participação de José Coelho estaria sobretudo, a garantir, mediante manipulação do aparelhamento policial civil do Estado, em que ocupava o cargo de secretário adjunto de Segurança, a realização da operação e a impunidade de todos os envolvidos. Todos os indícios levaram a crer que José Coelho Filho tentou desviar o rumo das apurações a fim de livrar a responsabilidade dos réus, pessoas de sua confiança, e impedir que se chegasse aos responsáveis pelo crime.
Como as investigações já apontavam indícios de que os envolvidos seriam pessoas próximas ao secretário, José Coelho resolveu afastar o delegado responsável, interrompendo as férias de outro delegado com a finalidade de dar seguimento à apuração. A partir daí, José Coelho Filho passou a conduzir as investigações ao lado do novo delegado.
Além disso, José Coelho Filho é acusado, junto com mais três policiais, de ter coagido as testemunhas de acusação do crime.
Entenda o caso – De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal o auditor fiscal desempenhava funções de gerenciamento e controle das atividades vinculadas ao comércio exterior do Estado de Roraima, abrangendo a fiscalização, vigilância e repressão aduaneira. O comércio internacional, notadamente com o país vizinho da Venezuela, passou a ser alvo de uma severa fiscalização por parte da Receita Federal, sob as ordens da vítima, o que gerou muitas insatisfações entre os comerciantes e importadores locais.
O empresário Avilmar Domingus Soares, um dos condenados pelo crime, foi acusado de ser o mentor intelectual do homicídio. Conforme a acusação, ele já teria feito várias ameaças à vítima em virtude de apreensões de mercadorias por irregularidades de importação. De acordo com as investigações, o empresário teria ficado furioso com o fato de ter tido uma grande quantidade de bebida apreendida que seria utilizada no carnaval daquele ano. Nestor Leal foi assassinado justamente na mesma semana em que ocorria o carnaval de Boa Vista.
Da redação