Marina Silva critica modelo de estímulo ao consumo

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Mais uma vez, segundo Marina, o Governo tenta repetir a mesma fórmula de 2008

A fórmula de estímulo ao consumo, que deu certo para as eleições de 2010, está esgotada e repeti-la agora pode ser dramático para o controle da inflação, algo precioso para o País, na opinião da ex-senadora Marina Silva. Durante evento neste sábado, 15, que celebrou a marca de 500 mil assinaturas coletadas para a criação do partido Rede Sustentabilidade, que pretende fundar, ela destacou a necessidade de não colocar o interesse político na frente da agenda de equilíbrio econômico e de inclusão social do Brasil.

‘Essa fórmula (de estímulo ao consumo) está esgotada. Obviamente, se persistirmos nela poderemos ter alguns resultados para as eleições de 2014, mas a um custo muito alto para as conquistas que alcançamos nos últimos 16 anos do equilíbrio econômico e da inclusão social’, avaliou ela, em conversa com a imprensa, após o evento.

Mais uma vez, segundo Marina, o Governo tenta repetir a mesma fórmula de 2008. Se esta estratégia prevalecer, na opinião da ex-senadora poderá ser dramático não só do ponto de vista da inflação, mas também da manutenção do ciclo virtuoso que o Brasil teve nos últimos 16 anos.

Para ela, o País inteiro avalia com preocupação, inclusive a presidente Dilma Rousseff, o momento que vive a economia do País. ‘Estamos vivendo um momento delicado de uma crise econômica global e o Brasil não está imune a esta crise. Não podemos fazer o discurso fácil de achar que o Brasil é uma ilha’, analisou Marina.

Seria ‘desonesto’ do ponto de vista político, conforme ela, achar que todos os problemas atuais são únicos e exclusivos do governo. Também é um erro, na visão da ex-senadora, achar que todos os problemas são únicos e exclusivos da conjuntura econômica global porque quando se está tendo sucesso é atribuído à ação nacional.

Sobre o novo programa da Caixa Econômica Federal, que concede cartões de crédito para o financiamento de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, ela disse que é preciso pensar os programas sobre a perspectiva de médio e longo prazo.

‘Medidas que têm fim de resultado puramente imediato, com agenda eleitoral, não darão conta dessa realidade complexa porque tem algo bem mais difícil. Estimular o consumo quando a capacidade produtiva do país já está a pleno vapor significa que tem um esgotamento dessas formulas’, enfatizou Marina.

De acordo com ela, continuar achando que o Brasil tem a mesma realidade econômica de 2008, quando os países que importavam a matéria-prima local compravam commodities, é apostar num caminho que pode ser ‘duvidoso’ para o equilíbrio econômico do País. Questionada sobre se o governo Dilma utilizou a Caixa Econômica Federal em excesso, na estratégia de baixar as taxas de juros e ofertar crédito numa política anticíclica enquanto os bancos privados estavam mais retraídos na liberação de recursos, Marina disse preferir olhar de um ponto de vista ‘mais amplo’.

Fonte: Estadão Conteúdo