Reforma da Previdência será votada em 18 de dezembro, diz Marun

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Futuro ministro acredita que governo terá os votos para aprovar a proposta na Câmara

Em Buenos Aires para participar da XI Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) — que deve tomar posse na quinta-feira como ministro da Secretaria de Governo da Presidência — afirmou na tarde deste domingo que até o dia 18 de dezembro o governo terá os votos necessários para colocar em votação e aprovar a reforma da Previdência na Câmara.

Confio que até o dia 18, teremos, sim, os votos necessários para que seja colocado em votação e para que venhamos a colher uma bela vitória — disse o deputado, explicando que sua missão como ministro será contribuir para obter os 308 votos necessários para a aprovação da Emenda Constitucional pela Câmara.

Marun acredita que as discussões previstas para acontecer nesta quinta-feira serão decisivas para marcar a votação para o dia 18:

— Vamos iniciar as discussões por decisão do presidente (da Câmara) Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é quem pauta, na quinta-feira. Eu penso que essa discussão também vai ser reveladora, porque ali também vão ter que ser colocados argumentos. No momento em que a discussão se estabelecesse, é necessário que argumentos sejam colocados na mesa. Em termos de razões, as nossas são infinitamente melhores que as da oposição — sustenta o futuro ministro.

Para ele, os argumentos que vêm sendo apresentados contra a reforma da Previdência proposta são colocados por poucas pessoas e, em geral, por aquelas que temem perder privilégios.

— Eu vejo um segmento da sociedade que ainda teme perder algum privilégio nesse momento se posicionando contra, mas com força. São segmentos organizados, que se manifestam de forma organizada em momentos contundentes. Agora, é uma reforma que não atinge nem o servidor que ganha menos de R$ 5.300. Quer dizer, quem pode se dizer atingido por essa reforma é o servidor que recebe mais de R$ 5.300. E não é que ele não vai poder ser aposentar com R$ 20 mil, com R$ 30 mil. Só que ele vai ter que contribuir de forma diferenciada para que tenha essa conquista — diz Marun.

 ‘DISTRIBUIÇÃO DE RENDA ÀS AVESSAS’

O deputado reforça que estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria é fundamental, justificando que a Previdência brasileira funciona como um “Robin Hood ao contrário”:

— O que nós queremos também é colocar um idade mínima para que (a pessoa) não se aposente com 50 anos e recebendo R$ 20 mil, R$ 30 mil. O Brasil não pode pagar isso. Neste momento, o Brasil não tem condições de continuar suportando esse sistema previdenciário, que é um sistema de distribuição de renda às avessas. Tira dos mais humildes e distribui entre os mais aquinhoados. É o Robin Hood ao contrário. Isto é a nossa previdência, e chegou a hora de mudarmos isso.

Marun reafirmou os esforços para buscar os votos, ao lado do presidente Michel Temer, para aprovar o projeto. Questionado sobre as estratégias do governo para chegar ao número mínimo de votos para fazer passar a proposta pela Câmara, acusado pela oposição de fisiologismo, com distribuição de cargos e emendas, o deputado negou que isso aconteça:

— Eu queria ver um deputado da oposição que critica a liberação de emendas dizer “eu não quero as minhas”. Isso não existe. Isso é uma demagogia muito grande. Todos sabem que o orçamento é impositivo. Nós estamos no fim do ano e as emendas têm que ser liberadas. Vamos fazer obviamente o que tem de ser feito.

Ele afirmou não ter conhecimento de haver distribuição de cargos.

— A última vez que houve uma movimentação de cargos foi num momento em que, e assim mesmo muito pequenas, foram talvez alguns colegas que votaram contra a denúncia, abriram mãos dos seus cargos. Foi isso. Não existe distribuição de cargos e as emendas que estão sendo destinadas são aquelas que têm que ser porque o orçamento é impositivo — disse.

Autor: Da redação com Janaína Figueiredo, correspondente/Foto: Jorge William