Polícia vai pedir que imagens de estupro coletivo sejam retiradas de rede social

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Armazenar vídeo pode levar a 4 anos de prisão. Neste sábado (6), policiais farão operação em busca de suspeitos do crime.

A Polícia Civil do Rio encaminhou um ofício ao Facebook para que seja retirada da rede social o vídeo que mostra quatro jovens violentando uma adolescente de 12 anos de idade. O crime aconteceu na Baixada Fluminense e foi comunicado nesta sexta-feira (5) à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) por uma tia da jovem. De acordo com a delegada Juliana Emerique, que investiga o caso, as imagens reúnem uma “gama de crimes” que mostram “grande violência” contra a jovem.

“Isso não pode ficar impune porque é uma falta de respeito com a sociedade que já viu um crime semelhante a este acontecendo há um ano atrás. O vídeo é grotesco e expões essa adolescente. É uma menina e nós devemos respeito a ela”, afirmou a delegada.

O vídeo divulgado em redes sociais tem 59 segundos de duração. Nele, aparece quatro jovens junto da adolescente de 12 anos. Na sequência, a menina dá um grito enquanto um dos garotos aparentemente tenta manter uma relação sexual com ela. Depois, é possível ouvir uma voz dizendo: “cala a boca, se alguém ouvir sua voz vai saber ‘que é tu'”.

Segundo a delegada, já configura crime apenas armazenar o vídeo. Com isso, os responsáveis podem sofrer condenações de um a quatro anos de detenção.

Confira os crimes pelos quais os homens que estão no vídeo podem responder, segundo a delegada.

– Compartilhar as imagens em redes sociais – até 4 anos de prisão

– Divulgação das imagens – de 3 a 6 anos

– Possuir imagens – de 1 a 4 anos

– Produzir o vídeo – de 4 a 8 anos

– Estupro de vulnerável – de 8 a 15 anos

Neste sábado (6), policiais da Dcav irão à Baixada Fluminense na tentativa de identificar os responsáveis pelo crime. A polícia também buscará descobrir a versão de que a violência contra a adolescente aconteceu numa casa após uma festa durante o último fim de semana.

A adolescente, de acordo com a família, está em estado de choque e não quer sair de casa. A mãe da jovem permanece ao seu lado já que ouviu da filha que pretende fugir.

A delegada tem certeza de que ocorreu o estupro: “Não tenho dúvida alguma que a vítima foi obrigada desde o início a todo ato. Você vê na gravação o temor dela. Isso comove cada um que esteja vendo aquilo dali”, disse.

Caso ocorre um ano depois de estupro na Zona Oeste

A investigação ocorre cerca de 1 ano após outro caso que ganhou repercussão internacional às vésperas da Rio 2016: o estupro de uma menina de 16 anos na Comunidade na Barão, na Zona Oeste do Rio.

Inicialmente, havia suspeita de que a vítima, então com 16 anos, havia sido abusada sexualmente por mais de 30 homens. Três pessoas acabaram formalmente acusados pelo crime e foram condenados a 15 anos de prisão em regime fechado. Dois dos acusados seguem presas e o terceiro envolvido está foragido da Justiça. A adolescente acabou sendo incluída no programa de proteção do governo.

Foram condenados os réus Raí de Souza e Raphael Assis Duarte Belo. A sentença, da 2ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, foi determinada nesta segunda-feira (20) com base no artigo 217 do Código Penal (estupro de vulnerável) e no artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente).

Autor: Da redação  G1 Rio/Foto: Reprodução