Dilma volta a falar em ‘golpe’ e diz que oposição busca ‘atalho’ para o poder

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Presidente discursou para pequenos agricultores em São Bernardo do Campo. ‘Golpe não é contra mim. É contra o projeto que eu represento’, disse.

A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar, no início da noite desta quarta-feira (14), que alguns setores da oposição buscam um “atalho” para o poder por meio de um “golpe disfarçado” ao tentarem conseguir a abertura de um processo de impeachment na Câmara.

Dilma participou nesta quarta do 1º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA, em São Bernardo do Campo (SP). Nesta terça (13), a presidente já havia falado sobre o assunto no 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo.

“Nós estamos vivendo um momento de dificuldades políticas. Vou chamar de crise política séria. Nesse exato momento, setores da oposição tentam uma variante de golpe. Um gople disfarçado. Um golpe que tem tudo de golpe: cara de golpe, pé de golpe, mão de golpe, mas que [a oposição] tenta passar como sendo uma manifestação oposicionista”, afirmou Dilma.

“Na verdade, o que eles querem? Querem um atalho para o poder. Querem um atalho para chegar mais rápido em 2018. Nós não vamos permitir que eles golpeiem um mandato que nós conquistamos nas urnas com 54 milhões”, continuou a presidente.

Impeachment
Nos últimos dias, a discussão em torno da abertura de um processo de impeachment de Dilma dominou a pauta da Câmara dos Deputados. Nesta terça, a oposição decidiu apresentar um novo pedido de impeachment.

Inicialmente, a oposição planejava fazer um aditamento a um pedido que já tramita na Câmara dos juristas Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, e Miguel Reale Jr. No entanto, os deputados oposicionistas mudaram de ideia porque, segundo o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o rito definido por Cunha para eventuais processos de impeachment entende que não cabem aditamentos a pedidos já em tramitação.

Segundo o Blog do Camarotti, os deputados da oposição desistiram do aditamento após uma reunião na casa do líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP).

A diferença agora é que os oposicionistas pretendem incluir no pedido de impeachment as chamadas “pedaladas fiscais” (prática de atrasar repasses a bancos públicos) realizadas em 2015. Representação do Ministério Público encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) na última quinta-feira (8) afirma que a prática continuou sendo adotada pelo Executivo neste ano.

Para Dilma, os oposicionistas “jogam o jogo do chamado quanto pior, melhor”. “Primeiro, os interesses deles. Depois, muito depois, os interesses do Brasil e do povo brasileiro”, criticou Dilma.

“Eu quero dizer queesse golpe não é contra mim. É contra o projeto que eu represento, contra o Brasil que complementa a renda daqueles que mais precisam. […] É golpe e irresponsabilidade querer interromper o curso democrático natural do país”, concluiu, sob gritos de “Não vai ter golpe”.

Autor: Do G1, em Brasília e em São Paulo/Foto: Divulgação.