Apenas metade da população pratica o hábito da leitura. Alunos têm dificuldade de interpretação e pouco estímulo dos pais
Comemorado nesta terça-feira, 7, o Dia do Leitor serve para homenagear aqueles que fazem da leitura uma atividade diária, tanto para buscar informações como para conhecer novas histórias e aumentar sua capacidade de interpretação e vocabulário. No entanto, o cenário não é dos melhores para o Brasil. No último levantamento realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) em dezembro passado, o país ficou em 55º lugar no ranking mundial de leitura entre 65 países avaliados.
Com 410 pontos em leitura, o Brasil ficou 86 pontos abaixo da média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), perdendo duas posições em relação à última lista divulgada em 2009, quando estava a 53ª colocação. Hoje, o Brasil está abaixo de países como Chile, Uruguai, Romênia e Tailândia.
Dificuldades de interpretação
Segundo o relatório do Pisa, numa avaliação com nota máxima de 6 pontos, quase metade dos alunos brasileiros (49,2%) não conseguem atingir a nota 2, o que revela incapacidade para deduzir informações do texto, estabelecer relações entre diferentes partes e falta de compreensão de nuances da linguagem.
De cada 3 alunos brasileiros de 15 anos, dois deles não conseguem interpretar situações que exigem apenas a dedução direta das informações. Especialistas em educação calculam que o nível de desempenho de um aluno que completa o fundamental (9º ano) é o mesmo esperado de um aluno que ainda está no 5º ou 6º ano.
Menos leitores
Entre 2007 e 2011, a parcela de leitores brasileiros caiu de 95,6 milhões (55%) para 88,2 milhões (50%) da população, levando em conta aqueles que leram pelo menos um livro no período de três meses antes do levantamento realizado pelo Instituto Pró-Livro e divulgado em 2012 pela pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, realizada a cada quatro anos.
A redução de leitores foi registrada até mesmo em crianças e adolescentes que leem por dever escolar. A média anual de leitura de crianças entre 5 e 10 anos caiu de 6,9 livros para 5,4 na comparação entre 2007 e 2011. Já entre adolescentes de 11 a 13 anos, houve redução de 8,5 para 6,9 livros, enquanto que os alunos de 14 a 17 anos leram 5,9 livros em 2011, ante os 6,6 registrados em 2007.
Falta de costume e estímulo da família
Entre os principais fatores que levam à queda no hábito pela leitura está a falta de estímulos vindos da família. Para educadores e especialistas, a leitura tem que vir de casa e a criança ou adolescente se espelha no reflexo dos pais, ou seja, se eles não encontram pais leitores, terão a ideia de que a leitura é apenas uma obrigação escolar. Essa situação leva à diminuição da população de leitores adultos no futuro, que, por consequência, irá afetar o público infantil das próximas gerações.
Outro indicador mostra o desinteresse pela leitura ao longo dos anos. Em 2007, ler era a quarta atividade mais apreciada pelas pessoas durante o tempo livre. Quatro anos depois, a leitura caiu para o sétimo lugar, representando apenas 28% do interesse como forma de lazer, índice que chegava a 36% em 2007.
Ao mesmo tempo, outros hábitos registraram alta de consumo ou permanência no nível de interesse entre 2007 e 2011, como assistir à TV (77% para 85%); escutar música ou rádio (54% para 52%); descansar (50% para 51%); reunir-se com amigos e família (31% para 44%); assistir a filmes/vídeos em DVD (29% para 38%) e sair com amigos (33% para 34%).
O papel das bibliotecas
Para complementar ou até mesmo introduzir crianças e adultos no mundo da leitura, as bibliotecas possuem um papel fundamental. Com acervos dos mais variados, que vão das disciplinas escolares até livros sobre religião, culinária e obras filosóficas e científicas, a biblioteca é um aliado importante na busca por livros que despertem o interesse. Além disso, o hábito da leitura contribui para melhorar os níveis de atenção, aumentar o vocabulário e a pronúncia correta das palavras, assim como prevenir o cérebro de doenças degenerativas, como o Mal de Alzheimer.
Escolas que possuem ou ficam próximas a bibliotecas, segundo levantamento do Instituto Ecofuturo, podem aumentar o desempenho do aluno em até 156% no índice de aprovação, contribuindo também para uma queda de até 46% nas taxas de abandono dos estudos.
Bocaina
Hoje com um acervo de 11.357 títulos de livros e 17.087 exemplares, a Biblioteca Municipal Emmanuel Guedes, em Bocaina, registrou aumento no número de usuários e empréstimos de livros em 2013. Foram 2.576 retiradas até novembro e aumento de 44 usuários, que agora formam um público de 1.264 pessoas cadastradas.
Aproveite o momento e faça seu cadastro na biblioteca municipal, situada em frente à Praça Remígio Diegues (Rodoviária). Basta levar o RG, comprovante de residência e uma foto 3×4. Crianças precisam da assinatura dos pais ou responsáveis. A biblioteca funciona de segunda à sexta, das 7h às 17h, sem pausa para o almoço, e aos sábados, das 8h às 11h.
