“Este terreno é conhecido como a Lagoa do Julião. E um absurdo é inviável construção de casas neste terreno” diz morador.
Na manhã desta segunda-feira, (31/08), Vereadores, Pastoral Social e ocupantes do João Paulo II, estiveram em loco no terreno doado pela Prefeitura Municipal de Iguatu para Fundação Dom Mauro Ramalho – Frater. O Prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara (PRB), não esteve presente, devido compromissos em Fortaleza.
O ar de incerteza estava estampado nos rostos das famílias, olhando aquele terreno ocioso, muitos acreditavam que o sonho da casa própria estava sendo realizado ou um pesadelo se fazia presente.
O presidente da Câmara Municipal de Iguatu, vereador Rubenildo Cadeira (PRB) também falou sobre o terreno. “Estou fazendo o meu papel de acompanhar e buscar informações corretas sobre como está esse terreno, se é viável para o projeto de moradias, por isso estou aqui com alguns vereadores pra saber, e eu ajudarei no que for preciso até que esse benefício chegue pra essas famílias e nossa população. Vale ressaltar que as famílias não querem o projeto de verticalização” disse Rubenildo, que adiantou que vai propor uma audiência pública para discutir com a sociedade, Poder Público, técnicos da área de edificações e de projetos sócias sobre o Déficit Habitacional de Iguatu e consequentemente os projetos habitacionais de interesse social que venha atender a demanda. “O objetivo da Audiência Pública é termos em mãos um diagnostico preciso da situação da moradia em Iguatu” explicou.
Segundo os Vereadores de Oposição O projeto é inviável uma vez que o terreno doado pela prefeitura apresenta algumas irregularidades técnicas. O líder do governo na Câmara, Vereador Antônio Bandeira Junior (PMDB), informou que se o terreno for considerado inviável, garantiu que o prefeito esta disposto a ceder outra área no raio de 6km da cidade, e que ainda se comprometeu, se possível, fazer alguma desapropriação para atender a demanda.
As queixas
Uma das ocupantes do João Paulo II, que não quis se identificar desabafou, “A gente não é porco, nem peixe e nem sapo para viver em uma lagoa quando chove, a prefeitura tem tanto terreno, porque não cede outro? Este aqui não tem condições”.
O pedreiro que mora a mais de 25 anos nas mediações do bairro Lagoa Park, Francisco dos Santos, 57 anos foi taxativo, “Esse local é conhecido como a Lagoa do Julião, aqui a água bate no pescoço, outra situação é o aterro é grande a quantidade”.
O popular zabumbeiro do forró, mora há 8 anos no bairro qualificou a atitude da prefeitura com desumana, “ Essas famílias são gente, não são porcos para viver em lama”
A aposentada Maria Francisca da Silva, 65 anos com os olhos lagrimando disse, “è uma vergonha o que estão fazendo com essas famílias estão iludindo elas”.
A comissão decidiu que vão se reunir na próxima quarta-feira com o prefeito de Iguatu, para leva a situação técnica do terreno e tentar resolver definitivamente, de acordo com o coordenador da pastoral social de Iguatu, Padre Anastácio Ferreira, “ Neste primeiro momento a visita foi no “olhometro”, porém vale ressaltar que o local só vai atender 100 famílias, outra situação são as especificações técnicas para atender as leis que reger os projetos habitacionais de cunho interesse social, pelo que se viu o terreno não oferece muitas condições para construções de moradias, mais vamos resolver tudo com calma e dentro da legalidade”
O projeto
A proposta do projeto do Executivo Municipal chegou a Câmara Municipal de Iguatu, às 17h desta quinta-feira (27/08).
O projeto de Lei nº 35 de 27 de agosto de 2015, do Poder Executivo Municipal, que autoriza a Prefeitura Municipal de Iguatu “desafetar e doar” para a Fundação Dom Mauro Ramalho – Frater, com sede em Iguatu, os seguintes terrenos urbanos descritos: uma área total de 6.199, 27m2 (Seis mil cento e noventa nove vírgula vinte e sete metros quadrados), no loteamento Lagoa Park, localizado na Av. Maria Dolores Bandeira, s/n e outra área com total de 6.330,31 m2(Seis mil trezentos e trinta vírgula trinta e um metros quadrados) localizada no mesmo endereço.
A presente doação destina-se a construção de casas populares a comunidade, a Fundação terá um prazo de 10 (dez) anos para construir as unidades habitacionais, caso não ocorra os terrenos, a presente doação, revertendo os imóveis ao Município doador.
Presenças
A comitiva dos vereadores contou com as presenças dos vereadores, o presidente da Câmara municipal de Iguatu, Rubenildo Cadeira (PRB), Vicente Reinaldo (PROS), Ronald Bezerra (PP), Joaquim do Pezão (PSB), Cida Albuquerque (PCdoB), Antônio Bandeira Junior (PMDB), Mario Rodrigues (PSB) e Rômulo Fernandes (PT), Lideranças e Movimentos Sociais.
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Autor: Rogério Ribeiro/Fotos: Renata Célia