Renan diz que Dilma está animada para ir ao Senado e pronta para responder a perguntas

695

Presidente da Casa explicou à petista detalhes do julgamento e admitiu que poderá votar

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se reuniu por quase duas horas com a presidente afastada Dilma Rousseff e discutiu os detalhes do julgamento da petista, que começará no dia 25. Renan disse que Dilma está “animada como sempre” e avisou que responderá a perguntas e que estará à disposição dos senadores. O encontro foi regado a café e água de coco e ocorreu no Palácio da Alvorada. O julgamento no processo de impeachment começará dia 25, mas a petista irá fazer sua defesa no dia 29.
Renan disse que foi uma conversa “muito boa e agradável” e que explicou detalhadamente o rito do julgamento, estabelecido juntamente com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski. Ele e Dilma fizeram uma avaliação da situação dentro do Senado, mas Renan disse que essa parte da conversa não poderia ser revelada.

— A conversa como sempre foi uma conversa muito boa, agradável, mas não teve assim nada específico. Fiz uma avaliação de como estou enxergando a conjuntura, e a presidente Dilma o fez da mesma forma. O que revelo é que foi uma conversa, como sempre, muito boa, muito agradável, mas, sobretudo, institucional, sem nada que possa ser especificado. Ela vai comparecer, fez questão de dizer, vai ficar à disposição para responder a qualquer pergunta. E ela, do ponto de vista pessoal, como sempre, está muito bem, animada. Não falamos sobre expectativas de votos, da mesma forma que não especifiquei da forma como devo me posicionar como presidente do Senado — disse Renan.

O presidente disse que explicou o rito do julgamento “pormenorizadamente” à presidente Dilma. O julgamento deve durar até sete dias. No dia 29, Dilma terá 30 minutos para falar e seu tempo poderá ser prorrogado por decisão do ministro Lewandowski.

Renan admitiu que poderá votar nessa fase final. Ele está sendo pressionado pelo PMDB a fazer isso. O julgamento tem três fases no Senado: admissibilidade, que ocorreu no dia 12 de maio; a pronúncia, que ocorreu nos últimos dias 9 e dez; e o julgamento final do impeachment, a partir do dia 25.

— Tenho conduzido processo no Senado com isenção, responsabilidade e equilíbrio e é isso tudo que me impede de declarar ou não o que vou fazer no dia do julgamento. Disse que não votaria na admissibilidade, na pronúncia e pretendia não votar no julgamento. Estou em pleno processo de decisão. Tenho agido com isenção, numa Casa que tem divergência, e uma democrática divergência — disse Renan.

Perguntado se Dilma revelou o tom do seu pronunciamento, se falará em golpe, Renan disse que a petista não antecipou sua fala.

— Não falamos nada que configurasse pensamento. Ela não adiantou o que iria fazer ou deixar de fazer no dia julgamento — disse ele.

No Palácio da Alvorada, ainda estava o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, que será uma das seis testemunhas de defesa de Dilma.

Autor: Da redação com Cristiane Jungblut/Foto: André Coelho / Agência O Globo