Mudança nos critérios de diagnóstico da diabetes gestacional é um dos temas de congresso nacional em Fortaleza

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O diabetes como complicador da gestação tem se tornado cada vez mais frequente. Principalmente pelo aumento cada vez maior no numero de casos de Diabetes gestacional, que consiste num aumento geralmente transitório nos níveis de açúcar no sangue durante a gestação, e é causado por uma dificuldade do pâncreas da mãe em aumentar a produção de insulina em resposta as demandas hormonais dos hormônios produzidos na placenta.

A diabetes gestacional afeta cerca de 14% das mulheres grávidas no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Esta doença eleva os riscos de complicações como infecção urinaria, pré-eclâmpsia, necessidade de cesárea e parto prematuro. Os possíveis impactos no bebê incluem fratura ao nascer, desconforto respiratório e hipoglicemia com necessidade de internação em UTI e ate óbito neonatal. Nos últimos anos observou-se também que a glicose alta na mãe pode influenciar na composição corporal do bebe, fazendo com que ele já nasça com um percentual maior de massa gordurosa, o que leva a uma tendência ao desenvolvimento de obesidade na infância, colesterol alto, síndrome metabólica e diabetes.

A diabetes gestacional e as mudanças nos critérios de diagnóstico da doença são alguns dos temas a serem debatidos no Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM), que será realizado, entre os dias 16 e 19 de agosto, em Fortaleza, pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Segundo a presidente do Congresso, a endocrinologista Cristina Façanha, novos estudos mostram que a glicose da mulher grávida deve ser mais baixa do que os critérios anteriores, pensando no melhor para o desenvolvimento do bebê e no bem-estar da mãe.

“Os números que achávamos bons para considerar uma mãe livre da diabetes, hoje, são um alerta para maiores cuidados, pois podem trazer repercussões negativas para a vida do bebê. E este Congresso é uma excelente oportunidade para atualizar os profissionais e alertar toda a sociedade sobre os novos dados e avanços científicos que afetam a saúde da mãe e do bebê. Essa mudança de critérios também resultou, consequentemente, no aumento do número de mulheres que necessitam de maior atenção e cuidados. Por isso, é tão importante difundir a necessidade da realização dos testes de glicose logo no início da gravidez”, explica.

Outro aspecto que serve de alerta para o tema é que o descontrole na taxa de glicose das mães geralmente não apresenta sintomas no dia a dia, o que torna o diagnóstico do diabetes gestacional ainda mais desafiador. Sem sinais claros, muitas pacientes não procuram ajuda médica. Logo, a melhor estratégia é fazer um rastreamento logo no início do pré-natal, com um teste de glicemia de jejum.

“O principal cuidado que devemos ter com essas mulheres não é prescrever insulina ou outras medicações, mas sim ter um cuidado redobrado com a alimentação, o que toda mulher grávida já deveria fazer. A tradição e o senso comum dizem que grávida tem que comer muito, mas ainda bem que hoje já temos mulheres que são de uma nova geração, que compreendem a importância de realizar atividades físicas adequadas e uma alimentação balanceada para prover qualidade de vida para ela e o seu bebê”, esclarece a médica.

“Somente aquelas gestantes que não chegam a um controle adequado, com dieta e atividade física, têm indicação de insulinoterapia e a maioria das gestações complicadas pelo diabetes, quando tratadas de maneira adequada, terão excelente desfecho e os bebês nascerão saudáveis. Ou seja, é possível ter um final feliz mesmo com um quadro de diabetes gestacional, mas o acompanhamento deve começar desde cedo”, alerta Cristina Façanha.

SERVIÇO:

O quê? Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM 2017)

Onde? Centro de Eventos do Ceará (Av. Washington Soares, 999, Edson Queiroz).

Quando? De 16 a 19 de agosto de 2017

Mais informações? www.cbaem2017.com.br

Realização? Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

Dados recentes sobre obesidade em Fortaleza:

“Os maus hábitos de alimentação e o sedentarismo fizeram com que, em 10 anos, o percentual de pessoas obesas na Capital cearense quase dobrasse. Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2006 e 2016 (anos do primeiro e do mais recente estudo) revelaram que o percentual de fortalezenses com obesidade, ou seja, com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30 kg/m², passou de 11,9% para 20,% neste período.

O aumento foi mais perceptível entre o sexo feminino. Enquanto em 2006, 9,3% das mulheres eram obesas, em 2016, esse total subiu para 19,8%. Entre os homens, foi de 14,5% a 20,3%, um crescimento de 5, 8 pontos percentuais. O número de adultos com excesso de peso (IMC igual ou superior a 25kg/m²), que já era alto em 2006, também avançou ao longo dos anos.

Passou de 42,2% dos fortalezenses para 56,5% em 2016. Mais uma vez, o aumento entre as mulheres foi maior. No ano passado, 53,7% das mulheres estavam com sobrepeso. Dez anos antes, eram 36,2%. No que se refere ao sexo masculino, o percentual aumentou de 48,5% para 59,9%. Ambos os dados se referem a pessoas com 18 anos de idade ou mais.”

utor: Da redação com Ascom/Caroline Avendaño /L​eda Borges​ /Foto: Divulgação