Manifestantes mantêm ocupação em hotel no centro de Brasília

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Brasília

Manifestantes do Movimento Resistência Popular (MRP), de luta pelo direito à moradia, disseram hoje (16) que não pretendem deixar o Hotel Saint Peter, que ocupam desde a madrugada de segunda-feira (14). Cerca de 450 famílias estão no prédio, localizado no centro de Brasília. Segundo um dos coordenadores do movimento, Edson Silva, eles estão abertos para negociar com o governo do Distrito Federal (DF).

“Enquanto não se resolve o problema das famílias definitivamente, que o governo ceda um terreno para essas pessoas morarem, que seja em barraco de madeira ou de outra forma. O que não pode é essas famílias saírem daqui e morar na rua de novo, elas tem que parar em algum lugar. Enquanto o governo não fizer isso, nós vamos ficar aqui”, disse.

Na segunda-feira, a Justiça do Distrito Federal determinou a reintegração de posse, mas, segundo Silva, os manifestantes ainda não foram notificados. “Nós somos trabalhadores e não temos habilidades com confrontos. Mas, se a polícia quiser entrar, tomar o prédio, nós vamos lutar, serão nossos corpos contra as armas da polícia”, afirmou o coordenador.

A Polícia Militar informou que não há nenhuma previsão para que seja feita a desocupação do prédio.

O secretário adjunto de Relações Institucionais e Sociais do Distrito Federal, Manoel Alexandre, disse ontem (15) à Rádio Nacional de Brasília que não há o que negociar com o MRP, já que o governo passa por cortes no orçamento e o movimento não é registrado formalmente. Ele aguarda a reintegração de posse.

Segundo Edson Silva, representantes do governo do Distrito Federal estiveram no hotel na segunda-feira e não voltaram para negociar a saída das famílias. De acordo com ele, o MRP é um movimento legalizado e todas as famílias estão cadastradas na Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab).

As cerca de 450 famílias ocupam sete dos 15 andares do hotel. Elas foram para o local depois de terem sido retiradas, no último sábado (12), do estacionamento da Secretaria de Fazenda do DF, onde ficaram acampadas por mais de dois meses.

O hotel estava fechado desde março, devido a uma ordem de despejo em favor do proprietário minoritário do empreendimento, Paulo Cezar Naya, irmão do falecido deputado Sérgio Naya, sob o argumento de que o inquilino, o Saint Peter Serviços de Hotelaria Ltda, não reajustou o aluguel na forma contratada. No processo, o hotel informou que fez o pagamento integral dos aluguéis, na forma contratada. A decisão da Justiça foi favorável a Paulo Cezar Naya sobre a questão do valor do aluguel.

Autor: Andreia Verdélio – Agência Brasil/Foto:José Cruz/Agência Brasil