Janot ignora Cunha ao cumprimentar autoridades em sessão no STF

745

Procurador-geral discursou na abertura dos trabalhos de 2016 do Judiciário. Chefe do MP aproveitou ocasião para fazer balanço da Operação Lava Jato.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ignorou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao cumprimentar as autoridades presentes à sessão de abertura dos trabalhos de 2016 do Supremo Tribunal Federal (STF). O peemedebista, investigado pela Operação Lava Jato e alvo de um pedido de afastamento do cargo por parte do Ministério Público, estava sentado à esquerda de Janot.

No início de sua fala, nos habituais cumprimentos às autoridades, o procurador-geral saudou apenas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que foi ao tribunal representando a presidente da República, Dilma Rousseff.

Cunha é alvo de dois inquéritos e uma denúncia no STF relacionados à Lava Jato. No ano passado, o presidente da Câmara fez duras críticas a Janot, acusando o procurador-geral de perseguição política e aliança com o Executivo para destitui-lo do cargo e evitar o impeachment de Dilma.

Ao retornar à Câmara após o encerramento da sessão solene no Supremo, Eduardo Cunha foi indagado por repórteres sobre se havia ficado constrangido com o fato de não ter sido mencionado nos cumprimentos iniciais do chefe do Ministério Público. O presidente da Câmara, entretanto, ficou em silêncio e entrou apressadamente em seu gabinete.

Ao mencionar Renan Calheiros, Janot referiu-se a ele como “presidente do Congresso”, cargo que acumula no Legislativo. O senador de Alagoas é investigado em seis inquéritos na Lava Jato. Ele nega as acusações de que recebeu propina do esquema de corrupção e ainda não foi denunciado.

Ao deixar a cerimônia, o ministro da Justiça tentou minimizar o mal-estar gerado no plenário depois que Janot ignorou o presidente da Câmara em seus cumprimentos. Na avaliação de Cardozo, as autoridades presentes estavam representando os respectivos poderes e prestaram contas sobre suas atividades.

“Uma questão é a representação da instituição e outra coisa é o mundo dos processos em que as pessoas têm oportunidade de ter seu direito de defesa. E, ao final, a palavra do STF será soberana”, desconversou Cardozo ao ser questionado por repórteres sobre o episódio.

Autor: Da redação com Renan Ramalho, Laís Alegretti e Nathalia Passarinho /Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo.