Instituto Cigano do Brasil repudia fala de ex-secretário de cultura Roberto Alvim

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O Instituto Cigano do Brasil-(ICB), de reconhecimento jurídico, entidade não governamental, de âmbito nacional e internacional, sem fins corporativos, que tem como um de seus objetivos estatutários a defesa dos direitos e garantias fundamentais do Povo Cigano, vem a público externar seu mais veemente repúdio às declarações, do ex- secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, por citar parte de um discurso feito por Joseph Goebbels, um importante líder nazista.

O ICB, que luta pelo fim de toda forma de opressão, discriminação e marginalização contra o Povo Cigano, repudia a conduta do ex – secretário Roberto Alvin  que cometeu um desserviço para a nação com condutas, totalmente adversas da construção de um mundo melhor, mais igual e de oportunidade a todas e todos, considerando as Diversidades e as Pluralidades de um Brasil de todas as cores, de todas as nações.

Os povos Romani (ciganos) também foram alvo de perseguições, discriminação e massacres, muitas delas sem sequer terem sido feitas nos campos de concentração, mas sim pelos próprios oficiais nazistas, tamanho era o ódio que havia pelos ciganos.

Uma fala “nefasta”

“A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, disse Alvim no vídeo. Ele parafraseou uma fala de Goebbels registrada no livro Joseph Goebbels: Uma biografia, do historiador alemão Peter Longerich.

Práticas dessa natureza são incompatíveis e absolutamente inaceitáveis, o Brasil lutou contra isso em 1944-1945 e deve continuar a fazê-lo hoje.

A Convenção Internacional de Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, do qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados que fazem parte condenam toda propagada e todas as organizações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas certa cor ou origem étnica e se comprometem a punir esses delitos por lei.

Holocausto do Povo Cigano

Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.

Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich.

Assim, fica clara a intensidade do preconceito e da discriminação que os ciganos sofreram durante esse período, e infelizmente sofrem até hoje.

Caucaia-Ce, 17 de janeiro de 2020.

Instituto Cigano do Brasil-ICB