Entenda melhor como funciona a histerectomia

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20485Essa cirurgia (retirada do útero) é repleta de tabus, porém há outras alternativas para mulheres que preferem não fazer o procedimento

Se você ou outra amiga sua recebeu a recomendação do seu médico de realizar uma histerectomia, uma das atitudes que logo se faz é ir fazer uma pesquisa na internet. Iremos achar tantas informações, que ao invés de ajudar irá confundir mais as coisas. Se for perguntar à outras pessoas poderá escutar absurdos, aumentando ainda mais as preocupações e, por consequência, a insegurança.

Para compreendermos a histerectomia, primeiramente é necessário entender melhor sobre esse incrível órgão ainda muito incompreendido, o útero, capaz de aumentar de tamanho diversas vezes no decorrer de uma gestação. Ele tem um peso de aproximadamente 90 gramas e cabem no seu interior por volta de 5ml de líquido, sendo que no término da gravidez chega a pesar acima de 1kg, com capacidade de guardar mais de 5 litros. Ele está preso na altura do colo uterino fazendo saliência para a vagina.

Toda esta capacidade de desenvolvimento e certa mudança genética das suas células (que pode ser de característica familiar) é a razão do surgimento dos miomas que são tumores benignos da parede uterina. Mais da metade das mulheres na faixa reprodutiva possui miomas, porém somente cerca de 20% delas irão necessitar de algum tipo de tratamento. Os pólipos de endométrio (cavidade do útero), tão comuns quanto os miomas, também possuem essa mesma teoria e também são motivos de sangramento do útero.

O útero fica entre o intestino e a bexiga e, por essa razão, as cirurgias podem acarretar riscos de lesões dessas regiões, em especial quando existem enfermidades como por exemplo endometriose, miomas, câncer e aderências que modificam a anatomia da pelve. Calcula-se que aconteça de um a duas mortes a cada 1.000 procedimentos cirúrgicos.

Procedimento

Segundo os médicos, histerectomias são cirurgias para a remoção do útero. Após a apendicectomia (remoção do apêndice), é a segunda cirurgia mais realizada no mundo. Calcula-se que no Brasil cerca de 20 a 30% das mulheres serão submetidas a esta operação até a sexta década de vida, aproximadamente 200 mil casos por ano. Nos EUA, este número gira em torno de 600 mil por ano. As indicações médicas podem ser por vários motivos, sendo que as doenças benignas são responsáveis por 90% delas, como: miomas, prolapsos, sangramentos anormais e endometriose. No entanto, lesões pré-malignas e malignas (câncer) também podem ser responsáveis pela indicação de histerectomia.

Quanto à via de acesso para a remoção do órgão, podem ser feitas via abdominal com técnicas minimamente invasivas – a laparoscopia e a cirurgia robótica -, aberta com incisões parecidas com cesarianas, ou ainda por via vaginal, sem cicatriz no abdômen. A cirurgia pode ser total, com ou sem a remoção dos ovários e trompas, ou subtotal, preservando o colo uterino. Os trabalhos não mostram qualquer diferença para as pacientes que preservaram o colo quanto à estática (fixação) da vagina, alteração na micção, ou diferença durante a relação sexual. A preferência, porém, é por retirá-lo para evitar sangramentos ou risco de câncer, principalmente na população que não tem possibilidade de rastreamento adequado e quando há possibilidade cirúrgica.

A decisão de se fazer a histerectomia, tipo e via de acesso deve ser longamente discutida com o cirurgião, observando-se sempre a doença existente, riscos, benefícios e experiência do médico. Outras cirurgias podem ser necessárias associadas às histerectomias como: a correção de incontinência urinária, de prolapsos retais, correção de fístulas etc.