Empresários dizem ter feito contratos fictícios para receber caixa 2 para a campanha de Eunício ao governo do Ceará

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Atual presidente do Senado concorreu ao cargo de governador em 2014. Assessoria do senador disse que contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Empresários ouvidos pela Polícia Federal confessaram ter feito contratos fictícios para receber dinheiro irregular para a campanha ao governo do Ceará do atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Eles prestaram depoimento à PF na operação Tira-Teima. A operação, deflagrada na terça (10/04), investiga pagamentos de vantagens indevidas por um grupo empresarial a políticos.

Os depoimentos foram prestados em investigação sobre Eunício no Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito foi aberto a partir da delação de Nelson Melo, ex-diretor de relações institucionais da Hypemarcas, hoje Hypera Pharma. Ele é um dos delatores da Operação Lava Jato.

O site da revista “Veja” traz vídeo do depoimento da empresária Maurenízia Alves, sócia do Instituto Campus. Ela admitiu contratos feitos com ao menos quatro empresas e que objetivo era receber por serviços na campanha de Eunício ao governo do Ceará. O pedido foi feito a ela por Paulo Alves, marido da empresária, que trabalhou na campanha.

Em depoimento, a que a TV Globo teve acesso, Maurenízia disse que a empresa dela foi contratada pela Hypermarcas, pela M. Dias Branco, pela Corpus Segurança e pela JBS –e que não houve nenhuma prestação de serviço. Apesar disso, ela diz ter havido recebimento de dinheiro e emissão de notas, mas os contratos não foram formalizados.

A M. Dias Branco foi um dos alvos da operação Tira-Teima. Executivos da JBS e da Hypermarcas já haviam confirmado essas informações na delação e apresentado os contratos fictícios.

Ao depor, Paulo Alves disse que a coordenação de campanha de Eunício afirmou que essa era a única forma de resolver “os problemas de atrasos” de pagamentos. E que houve ainda outros contratos fictícios.

O que dizem os citados

A assessoria do senador Eunício Oliveira disse que as contas da campanha dele em 2014 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e que todas as empresas citadas fizeram doações dentro da lei vigente à época.

A M. Dias Branco declarou que não realizou qualquer pagamento ao Instituto Campus ou ao Campus Centro de Estudos e Pesquisas.

A Hypera Pharma informou que está colaborando com as investigações e que uma auditoria interna concluiu que o ex-diretor, Nelson de Mello, autorizou, por iniciativa própria, despesas sem comprovação –e que a empresa não se beneficiou desses atos.

A J&F disse que os delatores ligados ao grupo já relataram aos investigadores tudo que era de conhecimento deles, e que seguem à disposição da Justiça para colaborar.

A Corpus Segurança não quis se manifestar.

Autor: Da redação com Camila Bomfim, TV Globo, Brasília/Foto: Divulgação