Carne Fraca: Ministério da Agricultura e produtores de frango dizem que não há riscos para saúde do consumidor

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Polícia Federal cumpre mandados de prisão na nova fase da operação nesta segunda-feira.

O Ministério da Agricultura e a associação de produtores de frango afirmaram nesta segunda-feira (5) que não há risco para a saúde do consumidor brasileiro de carne diante das irregularidades constatadas em nova fase da Operação Carne Fraca.

Segundo eles, é normal a presença da bactéria do tipo salmonela spp em carne de aves, mas ela é destruída quando a carne é submetida a altas temperaturas (frita ou cozida).

A Polícia Federal (PF) cumpre 11 mandados de prisão e 27 de condução coercitiva como parte da 3ª fase da operação Carne Fraca, cujo alvo é a BRF. Segundo a PF, cinco laboratórios fraudavam os resultados dos exames para burlar a inspeção do Ministério da Agricultura.

As investigações apontam fraude nos laudos emitidos por 4 fábricas da BRF para exportação a 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria do tipo salmonela spp.

O grupo inclui China, África do Sul e países da União Europeia. Nesses países, a porcentagem de salmonella spp tolerada é inferior à tolerada no Brasil (20%, de acordo com a legislação brasileira).

Em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o regulamento brasileiro permite a presença de salmonela na carne de ave e que a operação de hoje investiga a adulteração de certificados de exportações para países que não permitem a presença de nenhum tipo da bactéria.

“O regulamento brasileiro é diferente de alguns países, que não permite a presença de nenhum tipo de salmonela. O nosso regulamento permite. A discussão é a exportação para alguns países que não aceitam nenhum tipo de salmonela e que o certificado foi adulterado. Essa operação se resume a isso”, disse.

No vídeo o ministro também reafirma que não há risco nenhum no consumo de carne de aves dos frigoríficos investigados ou de qualquer outro frigorífico.

Durante entrevista coletiva sobre a operação, o coordenador-geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério, Alexandre Campos da Silva, explicou que a bactéria salmonela apresenta mais de 2 mil sorovares (variedades dentro da mesma espécie), mas apenas dois oferecem risco à saúde pública (tifimurium e enteritidis) e outros dois representam risco à saúde animal (pullorum e gallinarum).

“Não encontramos, até agora, nenhum problema que representasse a presença ou a falsificação, a eventual fraude, desses dois patógenos: tifimurium e enteritidis.”

Produtores temem generalização

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade que representa os produtores de frango e de suínos, enviou um comunicado nesta tarde alertando que a presença de salmonela encontrada nas análises de frango brasileiro não provoca danos à saúde do consumidor.

“Ao consumidor, é importante esclarecer: não há riscos! A investigação se relaciona com as análises de presença do grupo de Salmonela spp, que são destruídas durante o cozimento dos alimentos”, disse a associação.

A entidade lembrou que os problemas constatados na nova fase da Operação Carne Fraca são “situações ainda em investigação e pontuais” e alertou para que a operação não repita erros do passado.

“A ABPA, em nome de toda a cadeia produtiva, defende o correto levantamento de problemas e a exemplar punição aos envolvidos. É importante, entretanto, que os erros do passado não se tornem recorrentes: são situações ainda em investigação e pontuais, não uma situação generalizada”, disse a associação, em comunicado.

Críticas à operação

A primeira fase da Operação Carne Fraca recebeu críticas de produtores rurais e até mesmo do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, por ter generalizado os problemas identificados em alguns frigoríficos.

A operação levou diversos países a suspender as importações de carne brasileiro e provocou prejuízo aos frigoríficos do país.

Autor: Da redação com  G1/Foto: Divulgação