Bombeiros localizam 2º corpo nos escombros do prédio que desabou no Centro de SP

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Segundo capitão Palumbo, corpo pode ser de uma criança. Gêmeos de 9 anos são procurados na tragédia.

O Corpo de Bombeiros encontrou na manhã desta terça-feira (8/05) o segundo corpo nos escombros do prédio no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo. Segundo informações iniciais, o corpo é de pequeno porte, pode ser de uma criança e não há indícios de que seja de Ricardo, primeira vítima encontrada nos escombros.

“Agora às 6h30, em uma escavação manual, foi localizada o corpo de uma vítima de pequeno porte, podendo ser de uma criança. As equipes estão intensificando as buscas no local, porque há indícios de que outras vítimas possam ser encontradas na mesma região”, disse o capitão Palumbo.

Duas crianças eram procuradas na tragédia, os gêmeos Welder e Wender, de 9 anos, filhos de Selma, também considerada desaparecida.

O corpo tem sinais de carbonização, segundo Palumbo. “O Corpo de Bombeiros agora vai focar naquela área para que a gente possa saber se há outras vítimas ali”, completou.

“Começamos ontem à noite. A própria cadela Sara passou pelo local e ela esboçou grandes indícios, mas o que foi determinante foi a remoção dos escombros de forma selecionada. ”

De acordo com o tenente Guilherme Derrite, houve vazamento de gás natural e a Congás foi acionada. “No local, estritamente, apenas buscas manuais. O trabalho agora passa a ser feito com muito mais cuidado, um trabalho muito cirúrgico para preservar as partes dessas vítimas e que possa haver exame de confronto para identificar essas vítimas.”

Às 6h50, os bombeiros estenderam uma lona azul durante as buscas aos escombros, próximo à Igreja.

Segundo Derrite, “o IML vai analisar os restos mortais para fazer exames comparativos com material genético de parentes dos desaparecidos. Somente após isso é que terão a confirmação de quem é a vítima”.

Veja o que se sabe da tragédia até agora e o que precisa ser explicado:

De quem era o prédio?

O edifício Wilton Paes de Almeida pertencia ao governo federal desde 2002. A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) é o órgão responsável por gerir os imóveis de propriedade federal, subordinado ao Ministério do Planejamento.

Projetado em 1961 pelo arquiteto Roger Zmekhol, era considerado um dos prédios comerciais mais luxuosos da época. Foi construído para ser sede da Cia. Comercial Vidros do Brasil (CVB). De estrutura metálica e lajes em concreto, tinha 24 andares e ficava na região do Largo do Paissandu. Foi um dos primeiros da cidade a adotar o estilo “pano de vidro”, que se difundiu nas décadas seguintes em prédios comerciais.

Após passar para as mãos do Estado, em razão de dívidas dos proprietários, foi sede da Polícia Federal e do INSS.

Em 1992, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) havia tombado o prédio.

O edifício foi colocado para leilão em 2015, por R$ 24 milhões, mas ninguém o adquiriu. Em 2017, o imóvel foi cedido para a Prefeitura de São Paulo para a instalação da Secretaria da Educação e Cultura da cidade, segundo o Ministério do Planejamento. No entanto, o processo de transferência não havia sido finalizado.

Desde quando o prédio era ocupado por moradores sem-teto?

O edifício ficou totalmente vazio a partir de 2003, quando a Polícia Federal se transferiu para a atual sede, na Lapa, Zona Oeste, e sofreu diferentes ciclos de ocupação irregular desde então.

A Prefeitura de São Paulo informou que foram cadastradas 248 pessoas, de 92 famílias, no local. Imagens mostram que, ao menos entre 2015 e 2017, havia ali uma faixa do Movimento Social de Luta por Moradia (MSLM).

O Ministério Público (MP) confirmou que o grupo, de fato, ocupava o edifício. Após o desabamento, porém, integrantes do movimento e moradores divergem sobre quem exercia a liderança e como o imóvel era gerido.

Autor: Da redação com G1 SP (Foto: Reprodução/TV Globo)